ao fim de palmilhar trilhos e caminhos difíceis, finalmente percebi que a felicidade pode estar num simples e tranquilo chegar a casa.
… tirou-me o acesso ao blog, no trabalho.
mas eu estou tão bem disposta que nem me ralo nada!
caminho no alto de um muro com a largura dos meus pés. um à frente do outro.

Lisboa – 11.fev.2014
às vezes dou por mim a achar-me parecida com o cão de Pavlov.
as ofertas do dia dos namorados e as putas das fotos do canhão da nazaré!
mas não raras vezes acontece que, em se fechando uma porta, se abre outra janela. e a vida sorri.

Lisboa – 04.fev.2014
espero mesmo que essa coisa seja de vidas passadas.
se for desta, estou bem lixada…
chego a casa perto da meia noite e meia. o ar ligeiramente fresco faz-me apressar o passo até à porta do prédio –
um gigante de sete andares, adormecido. nem um som se ouve, para além do elevador que chamo e as chaves que entram na fechadura.
em monsanto, por detrás das nuvens a lua estava cortada ao meio. nunca tinha reparado nela assim: maravilhosa metade de lua.
horas antes, numa qualquer rua da cidade, o meu professor de projecto elogiou-me o trabalho. eu, cheia de vontade de conseguir agradecer-lhe condignamente e exprimir o que me ia na alma, sorri. olhei-o nos olhos, com a maior felicidade que consegui transmitir, e agradeci. depois, fui à casa de banho e saltei de alegria – como quando estou no banco dos suplentes e a minha equipa faz golo e eu salto desvairada a festejar. sou tão ridícula!
[esta madrugada, às 3:39, terá a Lua completado o ciclo de quarto crescente. partiremos, então para a lua cheia.
tenho tantas saudades do peito pleno de felicidade…]
há uma fase do deixar que aconteça e outra do fazer acontecer.
pergunto eu:
e como raio é que uma pessoa sabe em qual delas se deve posicionar?

#13
Clube Futebol Benfica – 09.nov.2013
depois não sei o que me aconteceu…

Lisboa – algures no tempo
(*) interrogar-se
altura em que me vou deitar numa marquesa, fechar os olhos e desfrutar de uma bela massagem…
[fazemos aos outros aquilo que gostaríamos que nos fizessem? fico aqui a pensar porque raio tenho esta tendência para cuidar dos outros…]

Alcochete – 01.fev.2014
… passou-se Janeiro.
não sei se é característica da idade, se é por ter imenso tempo pós-laboral ocupado, se será por outra razão cósmica qualquer.
o tempo voa. o dinheiro, também, mas é mais fácil de gerir isso. ainda não me faltou para as necessidades básicas. e é para isso que ele serve – para me suprimir as necessidades básicas. no resto, vale muito mais uma boa cabeça para nos reinventarmos, do que muito dinheiro para gastar.
mas o tempo… o tempo é que me preocupa. porque receio estar a distrair-me e não o valorizar suficientemente.
isso e o filho da puta do estore da varanda que se partiu e criou uma barreira de um metro e tal entre mim e máquina de lavar roupa!!
belo fim de semana que eu tive. até o tempo veio em sintonia.
um sábado dedicado à fotografia e ao social. domingo ao futebol. e a minha equipa a ganhar, a golear e a jogar maravilhas!
[obrigada, M., pela visita. e por tudo.]
muita fotografia e futebol, intervalados com amigas e assim.
o que eu precisava era de dormir, mas não se pode ter tudo na vida.

#7
Clube Futebol Benfica – 04.nov.2013

Tomar 28.dez.2013
… eram umas bolachinhas mergulhadas em chá preto e comidas à colher. quase desfeitas. ou uma parte quase desfeita, outra mais dura. e deixá-la desfazer-se entre a língua e o céu da boca.
quem é que redigirá os comentários que vão para o spam?
é que são cá de uma criatividade, que eu leio-os todos!
há gente tão triste, tão pequenina, tão poucochinha, que fico sempre dividida entre dar-lhes dois pares de estalos ou um colo para respousarem os fantasmas.

#3
Clube Futebol Benfica – 09.out.2013
o que eu gostava, mesmo, é que a peça da minha vida voltasse a ser escrita por um dramaturgo.
em vez deste ranhoso copywriter de agência de quinta categoria…
liga-me a minha mãe, sempre com aquela voz toda despachada, e diz-me “hoje estamos de parabéns!”.
olho para o telefone, vejo a data para nunca mais me esquecer, e respondo “é hoje? estão mesmo de parabéns!” e ela a sorrir “já viste? 53 anos a aturarmo-nos?” e ri-se muito.
[depois, mudamos a agulha para as trivialidades. eu desaprendi a mostrar as emoções. ela sempre foi mais ou menos assim.]
um dia, quando for mais velha, gostaria de ter um amor assim. companheiro e acompanhado.
(talvez se o desejar para muito tarde, tenha esse beneplácito dos deuses. encaro esta fase como uma espécie de aprendizagem. já tive tudo, já experimentei tudo, muitas vezes de forma inconsciente, não valorizando devidamente o que estava em causa. talvez agora tenha de passar por esta fase de vazio, de solidão. para perceber ao certo o que é ou não importante, quando desejamos que alguém faça parte da nossa vida. o difícil nisto é que nunca se sabe como termina. mas eu sou optimista e aceito o que me acontece. portanto, talvez agora seja mesmo altura para experimentar o que nunca tinha experimentado: a solidão.)
faz hoje 53 anos que os meus pais se juntaram. em pleno início da guerra colonial, numa Luanda distante, longe de ambas as famílias. acredito que deve ter sido assim uma espécie de coup de foudre. o sorriso do Zeca deve ter esmagado o pragmatismo da São. têm uma história de amor muito bonita, cheia de peripécias e contratempos – que eles ignoraram de forma corajosa e assumiram o seu caminho.
tenho um bocadinho de cada um dentro de mim. e do Zeca o sorriso e as rugas nos olhos.
mesmo tendo que estar fechada a trabalhar, sempre é melhor quando se olha para a rua e se vê a luz do sol.
e as saudades que tenho de andar de bicicleta?
[estou toda contente. tinha um problema com a captura de imagens para o projecto, por causa da falta de luz, mas ontem fiz umas experiências e acho que me vou safar. assim as minhas jogadoras colaborem…]

#16
Clube Futebol Benfica – 20.jan.2014

Clube Futebol Benfica
Equipa feminina de futebol 11
19jan14 às 14:57
não é o futebol. riem-se quando eu digo que não gosto assim tanto de futebol. é verdade, não gosto. gosto do futebol da minha equipa. o que equivale a dizer que gosto de futebol por causa das pessoas. e sim, o que me faz ali andar é a minha capacidade de organizar e são as pessoas.
aquelas pessoas a quem reconheço os olhares, os trejeitos, o correr, as chuteiras. as vozes, a dinâmica, o humor. e que às vezes me fazem exasperar, porque eu sou muito exigente e impaciente. mas o que não sabem, e não sabem porque eu não consigo exprimi-lo certamente, é o quanto eu gosto delas (e deles). o quão maravilhada fico a vê-las crescer como grupo e como equipa. os laços a estreitarem-se, a euforia da comemoração colectiva.
não há forma de explicar isto. sente-se. vem de dentro, do departamento dos afectos. e vê-se. no brilho do meu olhar quando falo delas. só tenho pena de nunca me terem dedicado um golo, mas pronto, qualquer dia há-de ser. ainda temos poucos marcados! (59 em 16 jogos, senhores, que são tão brutinhas!)
o que leva esta gente a votar a favor do referendo, deve inscrever-se numa coisa qualquer semelhante a isto: ai são “filhos” do pecado? então são pecadores também.
deve ser a isto que se chama herança.
[é tão triste tudo isto. é triste ver os seres humanos serem desumanos. autistas em relação a direitos fundamentais. que coisa estranha irá dentro daquelas cabeças, daqueles corações? e que raio de legitimidade tem um voto de alguém que depois declara que não era bem aquilo que queria votar, mas coiso a disciplina, blá blá blá? estamos a falar de direitos fundamentais, como pode haver disciplina de voto? e que merda de gente é esta que se deixa encarneirar na puta do partido? há dias em que este país é um sítio muito podre para se estar, de facto!]

#10
Clube Futebol Benfica – 08/jan/2014
não se percebe, eu não percebo, pelo menos, como é que o tempo está a passar tão rápido.
eu sei que tenho actividades que me levam grande parte do tempo livre, mas é um exagero a voracidade do Cronos.
guloso!
tenho constatado que à medida que me subtraem hipóteses, aumento a minha capacidade.
capacidade para quê é que é uma boa questão.

Estádio Municipal de Vila Verde – campo sintético
12/jan/2014 às 17:36
os meus dias têm sido fraccionados assim: fazer gelo, pôr thrombocid x ‘n’.
(no sábado ia-me matando no autocarro a caminho de Braga. um travagem a fundo, quando estava em pé, fez-me esparramar corredor fora, parecia eu que estava a apanhar uma onda na costa! ao mesmo tempo que aguardava o momento em que aquilo iria partir-se tudo de encontro a qualquer coisa. muito radical!)
um tipo ao telefone no átrio do ginásio a discutir a depilação.
dentro em breve iniciarei um projecto destes para me ajudar a pagar a puta da electricidade, que estou a gastar à conta da quantidade de água que se foi naquelas horas, sei lá eu quantas, em que isto esteve sem rei nem roque a inundar a minha pequena casa.
mas que raio anda no ar, que de repente uma data de gente diz estas merdas?
eu até fico com urticária… a mim, se me quiserem dar um beijo, dêem-me uma coisa mais física, pode ser? na cara, na testa, na mão, na boca, no pescoço, nas costas, na barriga, nas pernas, qualquer cosinha assim e eu aceito e agradeço.
agora… coração? e porque não fígado? pulmões? apêndice ainda tenho. só não pode ser útero, que esse tiraram-mo há… sei lá quando!
… mas quase.
por menos bom que seja, sempre é melhor do que ter de enfrentar uma inundação sozinha, às onze e tal da noite.
… a dificuldade das pessoas em serem sinceras comigo.
eu sou tão mais condescendente na assumpção do erro…
… que este ano já tenho três que me dão água pela barba: fazer um livro de fotografias.
há pessoas que nos convidam para sua casa e depois, quando estamos quase a pôr um pé lá dentro, fecham-nos a porta violentamente na cara.
a malta fica ali com cara de parva. o ramo de flores esborrachado contra nós, pétalas caídas por tudo quanto é chão.
um desperdício.
enfim…
… é um estado tão arrogante…

Lisboa
01-01-2014 às 00:21
… mas procuro a redenção.
“perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação…”
em 2014 quero ser melhor. eu sei que o caminho é difícil, mas só há esse mesmo.
… com uns copos de tinto! pelo menos sinto-me bem melhor.
[quando for mais velha, serei insuportável, acho. ontem preguei uma valente seca a duas amigas, com as minhas resmunguices. eu não quero ser assim. tenho de ter cuidado com isso…]
The WordPress.com stats helper monkeys prepared a 2013 annual report for this blog.
Here’s an excerpt:
The concert hall at the Sydney Opera House holds 2,700 people. This blog was viewed about 24,000 times in 2013. If it were a concert at Sydney Opera House, it would take about 9 sold-out performances for that many people to see it.
… se outra coisa qualquer.
mas um dia destes dei por mim a pensar muito convictamente em começar a correr.
nunca tal me tinha dado. era interessante que isto se mantivesse, quando me passar este congestionamento todo e esta maldita dor de cabeça.

fábrica de cerâmica desactivada
Caxarias
a juntar à constipação, agora aparece uma tosse meio cavernosa que me faz estremecer os poucos neurónios que se encontram no activo – não sei se tenho mais e hibernaram, ou se desapareceram mesmo. e a voz que de vez em quando desaparece (tão querida a minha amiga Jo, que no sábado dizia que eu estava com uma voz sexy).
de volta ao trabalho, depois de uma semana fora, a vontade…benza-a Deus! o que vale é que está tudo ao ralenti.
fgbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
adormeci para cima do teclado.

Açude do Panão – Miranda do Corvo
27.dez.13 às 15:46
com uma constipação desgraçada desde terça-feira, abrigo-me em casa dos pais e não faço outra coisa que não seja dormir, comer, ver televisão, ler, e vira o disco e toca o mesmo.
com muito tempo entre mãos, como costuma dizer a minha mãe, naturalmente que os pensamentos cavalgam em animais selvagens e indomáveis.
constato que esta é uma quadra muito propícia a equívocos. deixamo-nos amaciar e acreditamos. acreditamos em felicidades reeditadas, em amores renovados, em entendimentos milagrosos. e ficamos felizes. não sei por quanto tempo. mas há aquele momento de felicidade, de brilho no olhar, como se de crianças nos tratássemos, a receber o presente mais desejado.
eu por aqui vou ficando até ao final de semana. a afugentar a constipação. já não sou grande crente no pai natal. mas acredito que o meu tempo estará algures aí à frente, no futuro. até lá, vou soltando uns espirros, esfregando os pés que fiquem frios e acorro a limpar o pingo que se solta célere do nariz.

a todas as pessoas, que fazem o favor de me acompanhar e ler os meus desabafos, desejo que tenham a oportunidade de estar hoje com quem amam.

julho 13

setembro 13

dezembro 13
… ou então andei demasiado distraída, anteriormente.
temo que esta tristeza jamais me abandone. é como uma camada fina de nevoeiro, tão fina que só se dá por ela quando pegamos numa câmara fotográfica e percebemos que, entre nós e a luz, existe um filtro.
não tenho certezas, mas ando a pensar que, talvez depois de um grande desgosto, haja qualquer coisa que fique a faltar. uma mola que se partiu e não deixa saltar a alegria espontânea. um cruise control qualquer da felicidade que teimosamente não passa dos 50. quem é que tem adrenalina a 50? ninguém!
tal como as baterias, que se não forem completamente descarregadas ficam com memória que vai ocupar espaço de carga, há um espaço algures no nosso coração que fica com a memória do desgosto. lixo entranhado que se agarra e não nos larga. quase imperceptível, mas quase a roçar a omnipresença.
(isso, ou a puta da menopausa que me está a baralhar as hormonas todas.)
ontem, quando comentei para o ar que ia ver o filme, fui gozada de morte com a dinâmica do cinema francês. até me sugeriram ir ver não sei que filme. eu não tenho tempo e, às vezes, nem cabeça para ver os que eu quero, quanto mais ainda ir ver sugestões. enfim…
um dos meus colegas começou a contar que, a maior seca da vida dele, tinha sido quando a professora de francês os obrigou a ver um filme com o Gerard Depardieu em que ele tinha uma quinta. e eu disse-lhe que era o Jean de Florette. saiu-me assim de rajada. a nossa memória é uma coisa fantástica. esse e a continuação, Manon des Sources, foram dos filmes que mais gostei de ver, certamente, para me ficarem assim na memória.
tomei conhecimento deles através da Premiére, edição francesa, que eu comprava religiosamente todos os meses. depois encontrei-os num video clube.
agora, reparo, que os video clubes acabaram e não foram substituídos por nada. não se pode dizer que a videoteca do serviço de televisão que temos em casa se lhes compare e para quem, como eu, é completamente naba a ver coisas online, a coisa fica mesmo reduzida à ignorância.
… não tem nada de extraordinária.
é a vida simples, igual a de tantas nós, de quem um dia ousou desencontrar-se.
e por isso, pela simplicidade da história, e pelo realismo da realização, é que é tão, mas tão bonito este filme.

Lisboa, Sete Rios. hoje às 14:19
caminho pela rua e procuro embrenhar-me no colectivo.
[ainda que quisesse, seria eu capaz de despir esta pele seca e voltar a ser um pouco mais humana? com todos os riscos que isso implicaria…]
eu queria, queria sair pela rua e sorrir pelas luzes que alumiam este natal falso. olhar para elas e ver a luz da redenção. já poucas coisas me espantam, me maravilham, me estarrecem. vivo cada vez mais num mundo subterrâneo de imagens escuras e sentimentos contidos.
[o meu desejo para este Natal? conseguir deitar a cabeça no colo da mãe e chorar.]
já não há natal.
alguns homens devem ter sido pais por milagre da natureza. porque aqueles tomates, coitados, só servem mesmo para atrapalhar!
de tão cobardes, devem tê-los mirradinhos de todo, foda-se!
desde que um dos meus colegas trouxe sonhos, faz hoje uma semana, que todos os dias me apetece comê-los.
felizmente, que de todos os pecados mortais capitais que eu devo ter, a preguiça é bem mais poderosa do que a gula.
actualização: corrigem-me dizendo que são pecados capitais e não mortais. claro. se eu estou em lisboa, teriam que ser capitais. que distracção a minha!
e não são as de Almeida Garrett. são mesmo as que estão no chão por todo o lado, juntamente com outro lixo, e que esperam avidamente a chegada de um boa chuvada para entupir esta merda toda. e depois uma gaja demorar horas a chegar a qualquer lado.
estamos mesmo ao nível do terceiro mundo.
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