liga-me a minha mãe, sempre com aquela voz toda despachada, e diz-me “hoje estamos de parabéns!”.
olho para o telefone, vejo a data para nunca mais me esquecer, e respondo “é hoje? estão mesmo de parabéns!” e ela a sorrir “já viste? 53 anos a aturarmo-nos?” e ri-se muito.
[depois, mudamos a agulha para as trivialidades. eu desaprendi a mostrar as emoções. ela sempre foi mais ou menos assim.]
um dia, quando for mais velha, gostaria de ter um amor assim. companheiro e acompanhado.
(talvez se o desejar para muito tarde, tenha esse beneplácito dos deuses. encaro esta fase como uma espécie de aprendizagem. já tive tudo, já experimentei tudo, muitas vezes de forma inconsciente, não valorizando devidamente o que estava em causa. talvez agora tenha de passar por esta fase de vazio, de solidão. para perceber ao certo o que é ou não importante, quando desejamos que alguém faça parte da nossa vida. o difícil nisto é que nunca se sabe como termina. mas eu sou optimista e aceito o que me acontece. portanto, talvez agora seja mesmo altura para experimentar o que nunca tinha experimentado: a solidão.)
faz hoje 53 anos que os meus pais se juntaram. em pleno início da guerra colonial, numa Luanda distante, longe de ambas as famílias. acredito que deve ter sido assim uma espécie de coup de foudre. o sorriso do Zeca deve ter esmagado o pragmatismo da São. têm uma história de amor muito bonita, cheia de peripécias e contratempos – que eles ignoraram de forma corajosa e assumiram o seu caminho.
tenho um bocadinho de cada um dentro de mim. e do Zeca o sorriso e as rugas nos olhos.
17 comentários
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Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 12:21
choux
Anita: tão mas tão bonito. gosto muito. de tudo. de ti. da forma como escreves. da forma como OS escreves. (e como os fotografas) deles. parabéns aos pais. e a ti.
quando for grande quero ser como eles. quero estar ao lado do meu zézão e feliz. quero ser feliz com e pelos meus filhos. incondicionalmente. como eles, portanto.
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 16:28
aNa
choux, se a minha mãe lesse isto, dizia já que se ele se chama José, só pode ser bom homem. 🙂
eu não tenho a mínima dúvida de que serão assim, tu e o teu zézão.
obrigada «, muito obrigada, sempre, pelas tuas palavras.
(e já te disse o quanto adoro que me chames Anita?)
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 14:50
Blog do Óbvio - Manoel
Ana, que coisa mais linda! Parabéns a todos pela data significativa e acabo aprendendo com você que temos que passar por tudo, conforme o tempo.
Um beijo,
Manoel
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 16:30
aNa
obrigada, Manoel. pelo comentário e por acompanhar estes meus desabafos.
sim, e se temos de passar por tudo, o melhor mesmo é que na maioria das vezes o façamos de sorriso no rosto! 🙂
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 16:11
deusinha
Tenho tido a sorte de ser espectadora activa deste amor. O melhor de tudo é que transborda. Talvez por serem recipientes repletos, a São e o Zeca emanam ternura. Ele, no olhar. Ela, nos (largos) gestos das mãos.
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 16:38
aNa
ela, particularmente quando está de faca na mão. 😀
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 17:09
deusinha
ahahahahahahahahahahah!!!!
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 18:57
Rita Andrade
Que bonito 🙂 Também quero 🙂
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 23:31
aNa
🙂
toma lá um beijinho.
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 21:09
maria
Parabéns para os Pais e, claro, para a filha também 😉
Terça-feira, 28 Janeiro, 2014 às 23:31
aNa
obrigada, maria. 🙂
Quarta-feira, 29 Janeiro, 2014 às 08:36
tm
Parabéns a esse casal lindo!
Quarta-feira, 29 Janeiro, 2014 às 14:12
aNa
obrigada, minha querida. 🙂
Quarta-feira, 29 Janeiro, 2014 às 22:14
nina
Parabéns à São e ao Zeca! 53 é obra, especialmente com a ternura que espelham.
Quarta-feira, 29 Janeiro, 2014 às 23:46
aNa
obrigada, nina.
parabéns a vocês, também!
Quarta-feira, 29 Janeiro, 2014 às 23:23
Patrícia Araújo
Parabéns a este amor de uma vida!!
Quarta-feira, 29 Janeiro, 2014 às 23:52
aNa
obrigada, Patrícia. são merecidos, sim! 🙂