tudo não vai além de uma pretensa superioridade moral.
os que acham que a instituição casamento é uma coisa "sagrada", "religiosamente" guardada para macho e fêmea em conjunto. para macho e fêmea unirem e perpetuarem as suas famílias. portanto, uma coisa assim com um élan não acessível a qualquer um, parece.
os outros, os que desdenham o casamento, que dizem que está em crise, já toda a gente se está a divorciar, lá está, porque ousaram e puderam experimentar. e então, superiores, não imaginam que tanta atracção possa ter uma coisa, na qual eles já falharam redondamente – e isso deixa mossas, olá se deixa. deve ser terrível ver alguém lutar tanto por uma coisa, querer tanto uma coisa, na qual se teve insucesso. imagino.

no entanto, essa pretensa superioridade em se achar que os direitos só são para alguns – e toda a retórica, e toda a explicação não passa de um conjunto de coisas bacocas, se atendermos que o bem estar dos outros só nos pode fazer bem – não os torna imunes a todas aquelas coisas fodidas que a vida reserva para todos nós: as doenças dos que nos são próximos, as nossas doenças, a morte, o sofrimento, a angústia, a infelicidade, a frustração. nessas alturas, sofrem como todos. choram, babam-se de desespero, entram em pânico. no fundo, comportam-se como seres humanos que são. iguais a todos os outros.
eu cá, se tivesse que reclamar privilégios exclusivos, caramba, queria mesmo era não ter de passar por todas essas coisas fodidas! e isso eles não conseguem. tristemente, nesse aspecto, não são superiormente morais. que pena…