[com a cozinha já arrumada, resolveu esticar-se no sofá da sala e fazer uma pequena sesta. estava-se bem ali naquela semi-penumbra, provocada pelos estores caídos por causa do sol. convidava a reflectir.

final de tarde de verão.
já tinha encaminhado os animais para o seu poiso. as galinhas, as mais teimosas, a fugirem cada uma para seu lado. atrás delas os pintainhos procuravam orientar-se.
ao longe a silhueta do pai que regressava do campo. ainda novo, mas já a servir-se da enxada para ajudar na ladeira íngreme que o levava a casa. na mão esquerda uma melancia pequenina aguardava o momento mágico.
‘olha o que te trouxe. é pequena mas já está madura.’

tudo nela é pai. excepto as artroses e a pele das costas das mãos. seca e envelhecida como a mãe.
e a sua filha, já igualzinha.]