cada vez tenho mais a sensação, que a minha vida se caracteriza da seguinte maneira:
– antes dos 40 e depois dos 40!
e que até aos 40 vivi tudo a que tinha direito de uma forma intensa, acelarada, numa busca desenfreada de experiências e conhecimento. arrogante na expressão, ligando muito pouco aos cacos que ía deixando cair. era demasiado confiante para temer.
em 2003, no ano em que fiz 40 anos, senti que o pote estava cheio. que precisava de unir uma série de pontas que iam ficando caídas e consolidar-me como pessoa. e decidi que era altura de fazer qualquer coisa mais assertiva, que projectasse o melhor que havia em mim, sem desperdício de tempo e emoções.
hoje, na essência, sou igual. só que mais tranquila, procurando não desperdiçar energias em causas perdidas e, principalmente, que façam muito ruído mas não produzam nada de proveitoso.
sou mais atenta, mais profunda, mais sentimental e consequentemente, mais emotiva – não fora eu caranguejo! há coisas que me tocam mais, mas também estou muito mais preparada para lidar com elas, para as desmontar e procurar, naquelas que magoam, que me doam o menos possível!
[e já me dou ao luxo de ouvir as minhas amigas dizerem que estou mais doce!]
não sei se estou melhor amiga, mas estou melhor filha e melhor companheira. consegui eliminar a parte negativa do meu individualismo, deixando só o que de bom existe para a preservação da minha auto estima, do meu equilíbrio.
lembrei-me disto, a propósito de um comentário de uma ex-colega que já está reformada. encontrei-a na terça-feira e dizia ela para outra senhora que também me conhece há imenso: ela está melhor que nunca! ao que a outra respondeu: melhor em todos os sentidos! acusei o toque, sabia bem ao que ela se referia, e disse-lhe: já não sou tão arisca, não é? e ela, com um imenso sorriso, ainda que meio a medo, disse-me: eu não arriscava chegar a tanto, mas sim é isso mesmo! tu não tinhas muita paciência para as velhotas, não é? e eu: sabe, a idade acalma-nos. e dei-lhe um abracinho.
[nunca tive paciência para velhos e crianças – isso daria uma grande dissertação, mas ainda é cedo, porque é uma das coisas na qual trabalho para melhorar – e para meu próprio bem, é bom que melhore mesmo, porque senão a coisa não fica fácil!]
e pronto, era isto.

12 comentários
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Quinta-feira, 3 Julho, 2008 às 14:19
amariadaiana
e que bem que foi!…
Quinta-feira, 3 Julho, 2008 às 16:44
tangas
a menina hoje está perigosamente reflexiva… 😛
Quinta-feira, 3 Julho, 2008 às 16:45
aNa
segurem-me!!! 😀
Quinta-feira, 3 Julho, 2008 às 17:39
tangas
pode cair para os meus braços. é bem vinda 😀
foi uma tonturinha, foi?
Quinta-feira, 3 Julho, 2008 às 17:42
tangas
esqueci-me do hífen no bem-vinda…
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 12:14
Só Maria
“[…] hoje, na essência, sou igual. só que mais tranquila […] não sei se estou melhor amiga, mas estou melhor filha e melhor companheira.”
tsss tsss tsss 😀
tanto blá, blá, blá… é o PDI é o que é! 😛
ainda bem que não cheguei a esse marco terrível! 😀
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 12:19
aNa
Só Maria
olhe lá bem para mim, e diga lá se pensa mesmo que é um marco terrível? 😉
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 12:54
Lupy
hoje veio das profundezas e só isso demonstra como você está tão mais doce. Por “defeito profissional” considero o toque importantissimo na relação com as pessoas (nem sempre é fácil porque a pele diz, tantas vezes, muito mais que o que sai pela boca. Nunca gostei de usar luvas com os velhinhos lá do sitio (há quinhentos anos atrás) porque me retirava a sensibilidade mas, principalmente porque era mais uma barreira na relação. Miuda doce, você tem vindo a tirar imensos pares de luvas, aliás eu pensava que só existiam até ao número 11 ou 12 mas…
as suas mãozinhas, hoje, estão mais perto do número certo mas infindávelmente … maiores. beijos doces
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 14:42
Só Maria
estou a olhar…
bem… visto assim, lá tenho que mudar de opinião quanto ao marco terrível! 😀
então se o marco tiver perfume, pronto… nada a dizer! 😛
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 15:25
aNa
Lupy
e tu és grande, grande, grande.
grande no carinho, grande na amizade, grande na clarividência, grande na vivência, grande na disponibilidade.
ter assim alguém por perto, há tanto tempo, e não fazer um movimento de conciliação é que seria estranho 😉
beijos e um abraço daqueles de ficar – sim, que já lá vai o tempo de ser arisca 😀
Só Maria
espero bem que mude 😉
e tem perfume, sim. convenço-a?
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 18:10
Lupy
grande, mas não sou grande coisa, ok. É bom clarificar, ih, ih, ih
Sexta-feira, 4 Julho, 2008 às 18:21
aNa
isso era no tempo em que eu era arisca 😉
tipo eufemismo 😛