às vezes olho para a outra margem e dá-me uma certa saudade de umas tardes de primavera de um longínquo ano de dois mil e tal.
do calor do amparo, do mimo, da minha amiga bé.
a vida nem sempre caminha para melhor, apesar de tudo fazermos para que assim seja. há felicidades que não se recuperam e as outras, que as substituem, nem sempre têm o sabor doce da tranquilidade e da despreocupação.
pareço triste?
não estou de facto muito feliz. mas é somente o reflexo de um caminho que trilho para chegar à autonomia. ao desapego. ao eu.
10 comentários
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Terça-feira, 7 Fevereiro, 2012 às 16:48
anabela
aNa: tenho saudades tuas. Um beijo.
Quarta-feira, 8 Fevereiro, 2012 às 10:28
aNa
e eu tuas!!! arranja lá um tempito… muito beijos, minha querida!
Quarta-feira, 8 Fevereiro, 2012 às 08:35
Choux
anita,
o eu não pode estar ligado ao desapego. não posso concordar. autonomia não é desapego. não pode ser.
e o eu nada é sem os outros. e sem o apego.
muitos beijos para ti.
Quarta-feira, 8 Fevereiro, 2012 às 10:41
aNa
querida Choux
(gosto tanto que me chames de anita. mais ninguém o faz)
ainda que não concordes nada com o que eu digo, só para ter um comentário teu, já vale a pena escrever qualquer coisa.
vamos lá a ver se eu me explico melhor: quanto mais me desapegar das necessidades que procuro satisfazer com os outros, mais próximo estou de mim e do meu eu.
e quanto mais eu conseguir encontrar comigo e em mim a satisfação dessas necessidades, mais forte estou. e eu quero estar e ser forte.
não é por isso que vou deixar de ser como sou, que vou deixar de me entregar e cuidar dos outros porque isso é uma característica minha.
isto deve estar confuso, mas um dia destes podemos deixar o Zé com os miúdos e conversarmos as duas sobre isso! 😉
muitos beijos!
(obrigada por continuares a vir aqui)
Quarta-feira, 8 Fevereiro, 2012 às 12:38
Dedi
Não resisto a dar uma achega. Até porque ambas (aNa e Choux) saberão que não direi nada que não sinta. Não podias descrever melhor o caminho da individuação, Ana. É esse. É duro. É solitário. É pesado. Só muito poucos têm a coragem de arrancar e chegar ao fim.
Choux: desapego não é desamor. O primeiro é decisivo para a nossa maturação como indivíduos independentes e autónomos. O segundo é a deturpação das mentes inseguras e perdidas, apavoradas com a dor que acarreta a perda da necessidade dos outros e a assumpcão da total responsabilidade por si próprio. O desamor é o desapego dos tristes.
Quarta-feira, 8 Fevereiro, 2012 às 15:45
aNa
sim, custa. mas tem de ser. 🙂
Quinta-feira, 9 Fevereiro, 2012 às 10:55
Choux
pois eu, que não sou psi, e que sou só muitop feliz cheia de gente a quem quero bem por perto, digo-vos: o meu caminho foi trilhado sem autonomia. estarei talvez longe da individuação. e da autonomia.
mas sou feliz com quem tenho por perto e que me é meu.
ainda que não individuada.
mas isto sou eu
Quinta-feira, 9 Fevereiro, 2012 às 15:17
aNa
oh Choux, eu não pretendo com as minhas palavras arranjar receita nem solução para a vida dos outros.
falo sempre só por mim e daquilo que é a minha vida e o meu caminho.
aliás, é bom que ninguém siga o que eu faço, porque o que resulta comigo poderá não resultar com terceiros e vice-versa.
fico muito feliz que sejas feliz. a forma como o és, a mim pouco importa. porque o que me importa é que o sejas. 🙂
Sexta-feira, 10 Fevereiro, 2012 às 13:52
Choux
querida,
eu também não pretendia avançar com qualquer solução milagrosa.
apenas dizia que não me faz muito sentido que seja preciso estar num lugar triste e só para crescer e para se ser um “eu” mais completo.
eu mudo um bocadinho todos os dias, com o que de bom e mau me vai acontecendo, mas agradeço por estar perto de mimos, calores e amparos.
e o teu texto parecia-me triste mas de fácil solução, para mim, pelo menos.
se o que te falta é o calor e mimo e amparo da tua amiga Bé e se eles (os ditos calor, mimo e amparo) te estão ainda disponíveis, abre os braços e cruza a margem!
(dito isto: quero é que sejas feliz, anita dos caracóis)
Sexta-feira, 10 Fevereiro, 2012 às 15:36
aNa
Choux querida,
a coisa é ao contrário: às vezes, para se crescer é necessário passar por momentos de tristeza.
mas obrigada pelo teu cuidado e carinho.
e eu sou uma pessoa feliz. à vezes não estou, mas sou. 🙂