mesmo em frente à marginal, a sair da barra, passa um cargueiro com a ponte toda iluminada.
fico a vê-lo passar. fascinam-me aquelas luzes.
encaminha-se lentamente para o alto mar.
se vai carregado, se veio só descarregar, é coisa que não transparece no leve deslizar das águas brandas desta costa.
invejo-lhe a imponência da marcha (que me parece) lenta. indiferente às toneladas que move, segue objectivo e tranquilo.

sete anos após e volto a desejar a mesma coisa: tranquilidade.

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que maldito vento este que me arrancou as ideias da cabeça, sinto os cabelos a separarem-se de mim, toda a racionalidade a desintegrar-se nas rajadas que me fustigam pelas costas, pela frente, oh piedade que já não aguento mais!
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foi o melhor que conseguiste, eu sei. foi pelo melhor que o fizeste. mas, sabes, podias ter feito um pouco melhor. ou talvez menos. estar-te-ía mais grata.
… … …