não era preciso ter visto os jogos da fase de grupos, para perceber que a selecção portuguesa iria cair mais cedo ou mais tarde – dependendo da equipa que encontrasse logo nos oitavos de final. azar que calhou a Espanha. antes assim, porque dessa forma acaba-se de vez com aquele jogo miserável de defender só por defender, sem esperança de que em posse de bola o ataque seja consistente.
nunca achei que tinhamos uma grande equipa. já desde o europeu de 2008 que o digo. mas era um lote de jogadores que, com um treinador de ideias esclarecidos e com alguma argúcia, poderia fazer um bocadinho mais do que fez – e este "fez" vem já da fase de apuramento.
Queiroz (ou será Queirós?) não tem carisma. ouve-se o homem a falar e nada vibra. é um enredado de frases cheias de figuras de estilo que se atrapalham e nunca se percebe exactamente onde é que começa e acaba. eu até gosto de gente que fale um bocadito mais do que o futebolês e, ao contrário de muita gente, não me chega que os jogadores saibam jogar, embora sejam uns broncos a falar. faz-me muita confusão que se trate tão mal a nossa língua. com os treinadores acontece o mesmo. acho que têm obrigação, como qualquer português, de saberem falar correctamente a língua. mas também não é preciso armar ao erudito. o que importa é que a comunicação seja clara, objectiva e entendível ao receptor. ora, ao ouvir o seleccionador nas conferências de imprensa o que se me solta é um imenso bocejo. imagino aquelas palestras para os jogos – ía dizer "de balneário", mas agora as equipas profissionais são muito finas e fazem as palestras nos auditórios. a cabeça do homem deve enredar-se em tamanhas explicações e variáveis que a dada altura já nem ele deve saber como acabar. e depois saem aquelas equipas com jogadores que ninguém entende a sua escolha e as substituições de fazer arrepiar os cabelos ao Telly Savalas!
o que se vê é um conjunto de jogadores perdido no campo, sem confiança para terem a bola no pé, encurralados naquela teia defensiva que demonstra bem o quão inseguro é o treinador. o único que se safou naquele emaranhado foi o Fábio Coentrão, porque é demasiado irreverente. e cagou, sempre que possível, naquela coisa do jogo certinho. e com isso teve tempo para defender bem e atacar sempre que o deixaram – jogos houve em que pareceu que ele era o único que queria ganhar; ou que não teria prestado nenhuma atenção à palestra, para deleite de quem viu os jogos. lamento que com o Cristiano Ronaldo não tivéssemos tido um treinador com ideias bem definidas, com tomates para fazer valer essas mesmas ideias, de forma a potenciar o talento que ele tem, com autoridade. porque um jogador como ele não pode ter liberdade para fazer o que quer – inclusive ser grosseiro e mal educado – porque não tem perfil para aguentar essa pressão fazendo o que é o correcto e, na verdade, a equipa não ganha nada com um jogador assim. porque jogadores assim, talentosos mas imaturos, precisam de uma liderança que se faça sentir. precisam de acreditar. precisam de quem assuma as responsabilidades, que para eles fiquem só as despesas do fazer acontecer. por isso é que, desde o início, achei absurda a ideia dele ser capitão de equipa. para além da ausência de perfil, esse é um fardo que, em vez de motivar, lhe carrega.
mas tudo isto, para mim, se resume a uma coisa: uma equipa depende sempre do seu treinador. um bom treinador pode fazer de uma equipa mediana, uma equipa competitiva, já um treinador mediano, regra geral dá cabo de um bom lote de jogadores. clarinho como água. a liderança é uma coisa lixada, mas é a base de tudo. e um treinador até pode ser bom tacticamente, o que não é o caso de Queiroz (ou será Queirós?), mas se não for um bom líder… mais cedo ou mais tarde, dá bode, como dizem os brasileiros!
felizmente, cada vez gosto menos de ver futebol. que alívio!

5 comentários
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Quarta-feira, 30 Junho, 2010 às 17:00
sem nome
;), ;). Garanto-lhe que nunca li ou ouvi algo igual ao que escreveu, nem mesmo aos ditos comentadores desportivos.
Parabens, concordo em absoluto.
Quarta-feira, 30 Junho, 2010 às 18:57
K
Não sei mesmo o que é que a nossa amiga comum vê nele. Tenho que perguntar ao papagaio loiro:) Eu cá para mim mandava-o para o Agrupamento de Escolas da Ribeira Brava:) e espetava-lhe com 8 turmas de 6.º e 8.º ano!!! Depois explico o porquê destes e não os de 5.º e 7.º. Não te amofines. Pensa no dinheiro que poupam ao País:)
Quinta-feira, 1 Julho, 2010 às 18:19
nina
E quem fala assim…
Foi giro ver os jogadores a sair do relvado. O CR7 a caminhar, acompanhado por uma câmara, olhar com arrogância para a câmara e cospir, assim olhos nos olhos. O Eduardo a chorar inconsolável na relva. Twinke twinke little star… as estrelas… ai as estrelas.
Sábado, 3 Julho, 2010 às 08:36
Estrunfina
Pronto, até ao lavar dos cestos é vindima. Tardou mas chegou este post. ainda por cima certeiro.
Segunda-feira, 5 Julho, 2010 às 18:30
sem-se-ver
exactamente, sem tirar nem pôr, tudinho subscrito por mim. essencialmente a parte de que parecia que só o coentrão queria ganhar – coentrão que eu nao fazia ideia quem era (vê lá o que eu ligo ao futebol) e logo no 1º jogo me bateu no olho, achando que tinha feito uma partida notável. manteve o rendimento e a vontade de ganhar até ao fim. o eduardo, esse, não merecia a derrota. e muito menos ir parar ao génova, que me parece equipa menor para um jogador assim, que terá com certeza batido no olho de equipas muito maiores.
há algo que parece que ninguém entende – jogadores, seleccionadores e comentadores: o que nós não suportamos não é que portugal perca, mas sim que nao tenha dado tudo em campo. não é que não perca, é que tenha jogado mal. não é que não perca, mas sim ter selecciondores de caca que poem a equipa a jogar à defesa mesmo quando estamos a perder e só a vitória nos interessa. que não susbstituem certos jogadores pelo estatuto que têm mas que objectivamente não estão a jogar nenhum. e aí, ana, não desculpo a este imbecil como nunca desculparei ao imbecil maior que é o scolari, por ter deixado escapar a oportunidade única e histórica de ganharmos a final do primeiro europeu alguma bvez organizado no nosso país. a cobardia e falta de visão foram a mesma – em queiroz, durante toda esta marcha, a de scolari, naquela final.
venha o diabo e escolha.
(ronaldo, capitão? se não fosse trágico seria risivel… ainda mais quando temos um senhor, em experiencia e atitude, como o ricardo carvalho…)
enfim. espero que a final seja alemanha-holanda, as melhores equipas deste campeonato, ganha pela alemanha, pois, das duas, é superior.