não consigo sentir-me atingida por grandes movimentos solidários, nem ficar profundamente triste com a desgraça que acontece a milhares de quilómetros de mim.
a ser sensível, sê-lo-ei a pequenos gestos que possam fazer a diferença de uma forma directa e mais controlada. talvez a comparação não seja a melhor, mas penso que dá para perceber o sentido: acho que consigo maior efeito de aceitação na minha acção directa com pessoas, do que em manifestações rua abaixo.
portanto, não sou daquelas pessoas que se mostra muito solícita com a desgraça alheia – aquela que dá imenso nas vistas e ocupa noite e dia os canais de informação – não escrevo muito sobre isso e não sinto como que uma obrigação em contribuir. lamento, mas não choro, nem me comovo com todos os mortos que desgraçadamente caiem todos os dias.
mas, sou incapaz de tratar mal as pessoas, de as ‘atropelar’ quando saio do elevador, de não respeitar a ordem de espera, de não dizer por favor e obrigada, e – chegamos ao que me fez lembrar de escrever este post – de estacionar o carro em lugares reservados a deficientes.
há coisas que me encanitam e essa é uma delas. é mais fácil aparecer na televisão e nas revistas a dizer que se está muito solidário com os desgraçados deste mundo, fazer festas e merdas assim para angariar fundos, e apaziguar consciências, mas o lugarito reservado, ali mesmo ao lado da pastelaria, não interessa nada!
[é impressionante a parecença entre a Felipa Garnel e a psicóloga Isabel Leal]

8 comentários
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Sexta-feira, 22 Janeiro, 2010 às 11:27
Cátia
Mas qual é a novidade que as pessoas querem é aparecer e dar nas vistas? Claro que ha outros que dao o dinheiro e não aparecem… mas dizem no café, aos vizinhos, etc. que o fizeram.. Parece que por o fazer, têm o direito de maltratar todos os outros à volta… Ele há coisas!! É o mundo que temos…
… E onde é essa pastelaria? 😛
Sexta-feira, 22 Janeiro, 2010 às 12:50
pp
solidariedade, solidariedade era eu ter rede em casa ou tu vires beber um cafe comigo mais loguinho 😉
(no saldanha ou em qq pastelaria do seu bairro lol)
Domingo, 24 Janeiro, 2010 às 02:28
kianda
Tu tás cá mulher?!
Terça-feira, 26 Janeiro, 2010 às 15:18
pp
colibri, ainda nao tinhas notado? beijinho 🙂
Sexta-feira, 22 Janeiro, 2010 às 13:23
amariadaiana
ah ah ah viste-a hoje outra vez, foi? já não te expliquei que há deficiências que não são visíveis a olho nú?…
Sexta-feira, 22 Janeiro, 2010 às 16:00
nina
Assino em baixo. Em todas as linhas. Não me comovo com os mortos. Comovo-me com os vivos, e deste que temos a Maria, com as crianças que sobrevivem a coisas destas, com ou sem sequelas (estamos mais sensíveis a certas situações).
A solidariedade gabarolas… pois… também tenho problemas com isso. Faz-me lembrar as senhoras gordas que ao domingo saem com as suas peles da fila da eucaristia e que depois à saída da porta da igreja enxotam asperamente os mendigos (não que eu seja apologista da esmola).
Domingo, 24 Janeiro, 2010 às 02:33
kianda
Por acaso esta desgarça mexeu com as minhas entranhas e tirou-me o sono, mesmo, não pelos mortos actuais mas pelos que ainda vão chegar, não pelo presente mas pelo passado, no tentar perceber como se faz isto a um País e se sai impune?! Porque para mim, esta desgraça não tá longe, a diferença é que temos sorte … e como sempre se disse, Deus é do …
Beijo linda. E concordo que quem é não precisa de dizer que é, seja o que for, as acções falam por si !!!
Terça-feira, 9 Fevereiro, 2010 às 00:36
@rcoÍris
lol, a isabel leal dá-me aulas e eu penso no mesmo quando a vejo :p