ontem, em conversa com a Maria, dizia-lhe que não conseguia, assim de repente, aquilatar o que verdadeiramente mudou em mim, com a psicoterapia. é frequente não me recordar duma série de coisas, porque sou extremamente preguiçosa e anárquica na minha organização mental. falta-me a necessidade que me obrigue a criar essa disciplina.
mas, há uma coisa que venho pensando há uns tempos e que se tornou mais presente após domingo.
uma das coisas em que fiquei diferente, foi que passei a ser menos filha e mais mãe. trocando por miúdos: deixei de esperar que fossem sempre os outros a tomar conta de mim, a ser sempre eu o centro da minha vida, para me abrir ao mundo e assumir que eu posso tomar conta, eu sei, eu faço. sempre tive uma costela contentora, que acho tem a assinatura da minha mãe, e a única coisa que fiz foi libertá-la mais.
aqui e ali, por quem não me conhece bem, essa atitude é encarada com alguma desconfiança. mas eu sou mesmo assim. gosto de ser atenciosa com as pessoas que me despertam interesse, preocupo-me, pergunto, mando abraços, beijos, etc, etc.
há uma pessoa que ‘mal conheço’, por quem tenho um imenso carinho, e com quem me preocupo. e, curiosamente, não podendo dizer que ela me recebe mal, também não posso afirmar que me abra os braços com ligeireza. sinto-a como uma enguia, que responde e tal, mas que foge de mim a sete pés. às vezes, fico com pena que não consigamos estar mais próximo. depois, fruto de tudo o que já vivi, pacientemente penso que um dia há-de ser. ou não. de qualquer forma, aquilo que eu gosto dela não está dependente disso.
e essa independência no gostar é uma coisa muito boa.