o problema desta coisa toda das marchas e dos arraiais é a visibilidade. até aí, já todos chegámos, mesmo aqueles que são contra. estaria tudo muito bem se não se visse. e acham as pessoas que são tolerantes assim. mas, enfim, cada um é como cada qual e nem me interessa discutir os propósitos das manifestações, e se eles chegam sequer a ser atingidos. o que me interessa é porque, e de que forma, é que duas pessoas do mesmo sexo beijando-se na rua ou descendo a avenida com uma bandeira na mão, estão a perturbar a individualidade de terceiros. quer dizer, a mim não me interessa nada. as pessoas que se sentem incomodadas, é que deveriam parar um pouco e puxar lá bem pelo inconsciente e tentar resolver a coisa…
já agora, também há coisas que eu gostava que não tivessem tanta visibilidade.
– pessoas a mastigarem com a boca aberta
– gente com os dentes todos podres a sorrir
– homens a urinarem no primeiro canto que encontram
– gente com unhas sujas a atender ao balcão
– cuspidelas para o chão
eh pá, façam lá isso em casa ou às escondidas. mas eu a ver é que não, se faz favor!

9 comentários
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Terça-feira, 26 Junho, 2007 às 20:03
cristina
minha querida, estás a ver o que tem de contraproducente?
repara nas comparações que tu própria fizeste..
-duas pessoas do mesmo sexo beijando-se na rua ou descendo a avenida com uma bandeira na mão
pessoas a mastigarem com a boca aberta
– gente com os dentes todos podres a sorrir
– homens a urinarem no primeiro canto que encontram
– gente com unhas sujas a atender ao balcão
– cuspidelas para o chão
é exactamente a este efeito que se referem os autores do livro que eu citei lá no post. e ha 15 anos atrás, caramba. a estratégia não pode ser essa. o choque é muito mais dificil de reverter. o melhor é mesmo a dessensibilização:O processo de dessensibilização é descrito como uma inundação de propaganda pró-gay apresentada da forma menos ofensiva possível. Isso porque o intuito não é mais o de chocar, e sim o de persuadir
parece-me linear..
😉 beijo
Terça-feira, 26 Junho, 2007 às 20:55
Margarida
Já discutimos isto…acerca da utilidade das marchas e de se gostar ou não. Não sei se o que transmite a comunicação social é o que efectivamente se passa. Este ano não vi as reportagens, mas tive hoje oportunidade, através de um link, de ver a da RTP 1. Poderia referir uma série de adjectivos, mas acho que o que melhor define é mesmo choque e continuo sem perceber a utilidade.
Gostei do que li aqui no comentário anterior e que já tinha lido no Contra Capa, aproxima-se mais do que penso.
E mais não digo, antes que me mande “tratar” do inconsciente…eh eh
Beijinhos
Terça-feira, 26 Junho, 2007 às 21:43
aNa
minhas queridas (às duas de uma vez)
vocês vieram com muita sede ao pote. ora leiam lá bem:
(…)nem me interessa discutir os propósitos das manifestações, e se eles chegam sequer a ser atingidos. o que me interessa é porque, e de que forma, é que duas pessoas do mesmo sexo beijando-se na rua ou descendo a avenida com uma bandeira na mão, estão a perturbar a individualidade de terceiros.
ou seja, porque raio se questiona a coisa! que cena! que se deixe lá os tipos e as tipas beijarem-se e marchar e coiso e tal!
supostamente, eu que sou da classe é que me havia de incomodar sobre aquela suposta representação, e se ela atinge ou não os seus fins, etc, etc., e não me incomodo. nem preciso dela. porque raio hão-de os hetero incomodarem-se? é porque lhes incomoda. e isso é que me faz confusão.
e não acredito que toda a gente que critica está muito preocupada em saber se os direitos dos homossexuais são bem ou mal defendidos ou se a sua imagem fica bem ou mal na fotografia.
há aqui uma coisa fundamental – a liberdade das pessoas participarem e organizarem iniciativas, sejam elas quais forem, do momento que não ponham em causa os direitos dos outros. é isso que eu questiono. porque é que isso afronta tanta gente?
Cristina, querida, eu não estava a responder ao teu post. senão tinha-te linkado logo. 😉
Margarida, quanta honra 🙂
Terça-feira, 26 Junho, 2007 às 22:52
cristina
não sabia se tinhas lido, foi só por isso que lhe fiz referencia uma vez que fala do mesmo assunto. não, não está em causa a liberdade de manifestação nem isso incomoda evidentemente. pelo menos a mim…só não sei se atinge o objectivo que diz que pretende, só por isso.
beijinho 😉
Terça-feira, 26 Junho, 2007 às 22:56
aNa
oh querida, contigo sei eu que vês as coisas com olhos límpidos. críticos, mas límpidos 😉
beijinho.
Quarta-feira, 27 Junho, 2007 às 10:55
Rita
Olha, eu também não sei se essas manifestações ajudam ou prejudicam alguma coisa, sinceramente não sei. Embora muitas vezes me incline para o prejudicam, devido ao folclore excessivo que acaba por passar uma mensagem de tudo menos de «normalidade» no sentido da integração e aceitação de algo que sendo diferente é também normal e assim deve ser encarado por todos. Mas de facto também me irrita aquela coisa do «ai, eu não sou preconceituoso, por mim podem fazer o que quiserem, desde que não seja à minha frente!!!!»
Há poucos dias falava com uma pessoa que me dizia que um dos seus melhores amigos de infãncia era gay. E tanto um como outro descobriram isso há pouco tempo. Já bem trintões, tiveram então uma conversa que versou assim: «Ok, continuas a ser meu amigo, vais a minha casa, podes trazer o teu namorado. Mas se vejo cenas entre vocês os dois nunca mais lá entras!» O outro acatou a decisão.
Eu, um bocado à nora com aquilo, perguntei-lhe: mas estás a referir-te a quê? Dar a mão, dar um beijo? Ou seja, tudo aquilo que tu fazes com a tua mulher à frente de toda a gente?
E a resposta foi sim. «Amigo gay, sim senhor, agora paneleirices à minha frente, ai isso é que eu não tolero!!!!»
Digamos que o caminho ainda é longo, não????
Quarta-feira, 27 Junho, 2007 às 11:39
aNa
pois… longo.
e o mais engraçado é que as pessoas pensam que essa realidade está muito longe delas – um dia acordam e têm um filho que se assume, um amigo, um irmão, etc, etc.
há tanta asneira que se diz da boca para fora… eu nem sei porque raio me pus com esta discussão, porque tudo isto me cansa!
cada pessoa acha que o mundo deve ser feito á sua maneira. e para sairmos disto é do caraças!
mas eu não me retiro do meu lema – gostem ou não, não têm capacidade para me retirar a possibilidade de ser feliz. porque às vezes parece ser disso que se trata – uma coisinha perversa que tenta inviabilizar a audácia dos outros em serem felizes de forma diferente.
beijinho, querida 🙂
Quarta-feira, 27 Junho, 2007 às 15:26
Rita
Nem mais! ” …uma coisinha perversa que tenta inviabilizar a audácia dos outros em serem felizes de forma diferente.” E quanta coragem é precisa para assumir essas diferenças. Eu sempre fui uma cagonazita, sabes, em termos de enfrentar os outros, as opiniões dos outros, às vezes em coisas idiotas. Estou melhor, já aprendi a dar menos importância. Sou hetero e sou tão complicadinha… Se tivesse que enfrentar um terço dos olhares e dos comentários e das discriminações e das injustiças que os gays têm que enfrentar todos os dias… Ui! E é tão simples,não é? É vive e deixa viver.
Quarta-feira, 27 Junho, 2007 às 15:53
aNa
eu raramente penso nisso. na verdade o meu caminho fi-lo de forma simples. mas quando me ponho a pensar, acho que é preciso ter uma auto estima do caraças, para não ligarmos. porque existem muitas coisas que são substancialmente diferentes. e com as quais temos de aprender a lidar, a contornar, etc, etc.
mas, é assim mesmo. e essas dificuldades não devem servir de justificação para as pessoas não fazerem da sua vida o que desejam. isso também não aceito!
e quanto a essas vozes todas que se insurgem contra a legalização das uniões, a adopção, as marchas, os arraiais cheira-me que anda aí muito temor camuflado. temor de si próprios, obviamente.
só desejo que essa gente não tenha filhos gays. ‘taditos deles…