You are currently browsing the category archive for the ‘passes em profundidade’ category.

nunca temos os outros como eles são, temo-los como somos.
e, às vezes, nem mesmo isso acontece.
temo-nos como somos?
ou vemo-nos como uma ilusão?

há quem goste de aparecer na glória. não vai lá fazer nada, a não ser alimentar-se egoistamente de um prazer para o qual não contribuiu minimamente. mas é frequente vê-los aparecer, dar palmadinhas nas costas, distribuir sorrisos, oferecer intimidades – haverá coisa mais íntima do que participar em grupo o prazer da conquista?
depois há os outros. aqueles que tendo a sua relação conciliada, se oferecem para partilhar as feridas, para participar das feridas. não por masoquismo, mas por convicção de que as feridas partilhadas saram mais depressa. 

[estou prestes a reviver um amor antigo. a voltar a um sítio onde fui feliz. e diz-se que não se deve voltar a um sítio onde já se foi feliz. deve. se já tivermos conciliado o que vivemos, se já formos outras, se olharmos para ele com os olhos de hoje e não os de ontem. não é fácil. para mim tiveram de passar seis anos. although… butterflies are in my belly.]

acima de tudo, é importante saber distinguir as coisas do barulho que elas fazem.
(adaptação livre de uma citação de Séneca)

eu tenho uma amiga com uma lareira muito fixe, com imensa lenha para arder, uns gins tónicos muito bem preparados, um elevador avariado, mas até faz bem subir escadas – fortalece os glúteos.
tudo muito bem conjugado para se ver jogos de futebol.
isto era eu aqui a divagar, claro!
(Marquesa, não apareces para me ajudar?)

às vezes é tão difícil deixar entrar. andamos feitos loucos à procura de casa, mas não aceitamos o que se nos depara. quando finalmente o fazemos é como se voltássemos ao quente do líquido amniótico. ficamos e sentimos o lar. mesmo quando um dia ele tem fim, fingimos que nada se passa. resistimos a apagar, como antes tínhamos resistido a deixar entrar. e nesse carrossel, para cima e para baixo, vivem-se dias desesperados de angústia, de busca, de redenção.
mas já nada lá está, como estava.  
e sabemos.
mas não aceitamos.

ontem, perante a minha afirmação ‘quem cala, consente’, responderam-me uma coisa que nunca tinha pensado, mas que me faz todo o sentido no momento: ‘quem cala, reflecte’.

começo a semana com uma angústia no peito, que não sei para onde vai nem para que serve…

“all the letters in the sand cannot heal me like your hand
for my life
still ahead
pity me”
(’39)

“i feel like dancing – in the rain,
all i need is a volunteer”
(Seaside Rendez-Vous)

“take care of those you call your own
and keep Good Company”
(Good Company)

“anyway the wind blows”
(Bohemian Rhapsody)

herdei da minha querida mãe a capacidade para, em momentos de crise alheia, ser extremamente analítica e focada.
como se encostasse o meu mais verdadeiro eu a um canto e desatasse a fazer coisas, com uma objectividade ausente de emoção que me surpreende. tudo aquilo que no dia a dia me custa fazer, faço-o com uma habilidade e rapidez impressionantes.
claro que nada disto é muito transcendente. e é logicamente explicável. defendo-me até à quinta casa e levo tudo à frente.
mas, o que provoca na ressaca, não é uma coisa fácil. deixa-me esgotada. tão esgotada que fico à beira do choro por tudo e por nada. uma tristeza, é o que é!

[il faudra bien que je retrouve ma raison
mon insouciance, et mes énormes joies]

hoje bati no mais fundo que me quero permitir bater.
o que me peço é discernimento. coragem. alternativa.
assumpção.

[tenho de arrumar a minha casa. tenho de deitar coisas fora, que guardo por desleixo há imenso tempo. tenho de pôr o smart na revisão. tenho de ir comprar gás. tenho de lavar roupa.]

fora eu capaz de conter o entusiamo, dominar a ira e fazer crescer a criança e teria uma voz que me agradaria imenso!
plena de charme, segura, tranquila e no tom correcto.
[acabei de a ouvir, quando falava com o director dos recursos humanos. e achei-a fascinante porque ausente de objectivo. que é quando a coisa é mais válida. ]

o efeito

foi leve como uma brisa. de repente, já nem sabia se tinha acontecido ou não.
paredes brancas, uma hera que despertava ao canto, e o impulso do prazer.
roubei sem culpa, de sacanagem mesmo. admirei o teu sorriso. o brilho que saía dos teus dentes.
afastei-me, assim, com o sabor do desejo ainda instalado, promessa contidas, murmúrios calados, só a sentir…
estou à espera de ser presa.
é justo que pague uma pena.

… por o espelho da alma serem os olhos e não a cara: da forma como a minha está, como se tivesse sido atropelada por um tsunami, eu estaria boa para ir ao psiquiatra, não à psicoterapeuta!

[há um caminho para percorrer. de nada adianta procurar atalhos. não resulta. quanto mais rápida for a decisão de aceitar fazê-lo, aceitar de coração mesmo, mais profícuo será o resultado.]

“They say, ‘Talking to yourself is the first sign of madness.’ Actually, it’s the other way around. It is the people who DON’T talk to themselves who we probably ought to be worried about. If you don’t talk to yourself, how can you understand yourself? If you can’t get along well with yourself – how on earth are you ever going to get along well with anyone else? Have more deeply personal conversations today. Speak to the smartest person you know… the one you meet in the mirror! You’ll soon make sense of what seems so silly.”

obrigada.

quando se sai da nossa zona de conforto, seja por iniciativa própria, seja por circunstâncias alheias à nossa vontade, corre-se o risco da nossa vida ficar semelhante a um cavalo com o freio nos dentes. e que para voltar a ter o seu domínio é preciso um trabalho gigante.
infelizmente, nem toda a gente tem essa capacidade. e, não raras vezes, assiste-se a uma desorganização tão profunda, que chega a ser confrangedora.

(Luke! don’t give in the hate!)

daqui

às vezes gostaria de ser mais capaz de chegar mais perto a mais pessoas, mas tenho este filho da puta deste feitio que só me permite fazer o que sinto, caraças!

não há coisa mais deserotizante do que a partilha de passwords de emails, pins de telemóveis, pegar em telemóveis e ler as mensagens, etc, etc.
essa treta toda que se impinge como confiança, cumplicidade e o raio que parta, e que transforma duas pessoas, numa e o interesse, no tédio e a individualidade, numa dualidade onde não há desconhecido a descobrir, nem nada, a não ser uma coisa amorfa que pode parecer muito feliz, mas que é tão somente um xanax para o pulsar de vida que pode ter quem connosco partilha a vida.

[eu nunca tive herpes na vida. se esta merda que me está a piscar no lábio for, nem imaginam como vai ficar o meu humor! e eu a dar-lhe com as rimas, porra!]

… que me apetecia esconder!

Cansaço

Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.
Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.
Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

(Joaquim Campos / Luis Campos)

ainda não sei muito bem qual, e se existe, a diferença entre ‘sem paciência’ e ‘impaciente’.
mas, esclareço, que ando com ambas!

há dias, na vida de uma pessoa, em que parece que está tudo escrito para acontecer de determinada maneira. quando rebobinamos o filme e pensamos que se aquele passo que queríamos ter dado tivesse resultado, e não resultou por responsabilidade alheia, nada do que se passou a seguir teria acontecido. pelo menos da forma como aconteceu. e sentimos mesmo que parece que tudo conjurou contra nós. tudo se proporcionou para nos obrigar a tomar consciência real da situação.
tento aceitar tudo o que me está a acontecer. procuro ser o mais corajosa possível a enfrentar o que sinto. e tento acreditar que, este caminho que me apareceu pela frente, me vai servir para me tornar numa pessoa mais consistente.

como diz o Paulo Flores, eu quero é paz.
não tenho espírito belicoso, embora não tenha medo do confronto. mas evito-o o mais possível.
sou de natureza tolerante, apesar de quem aqui passa não fique sempre com essa ideia.
mas o que eu quero mesmo é paz. e, novamente, como diz o Paulo, paz para mim e para os demais.
quero o meu coração, que já é suficientemente grande, ainda maior.
sem pontos eléctricos que me despertem sentimentos menos bons.
quero ser ainda mais capaz de aceitar os que amo e ignorar os que deixaram de se fazer amados.
e não o faço pelos outros. faço-o por mim, que é a maneira mais eficaz de fazer efeito.

por acaso, a única coisa que podem fazer por mim, neste momento, é darem-me mimo.
isso ou pegarem em mim e levarem-me a passear, jantar, cinema, no fundo levarem-me…
mas sem grandes conversas, por favor. não tenho paciência para a sabedoria de terceiros.

essa coisa que não se sabe quando começa, onde nos leva e quando, ou se, acaba.

daqueles que tudo anda em reboliço, pensamentos a mil, gente que nos incomoda, trabalho que chateia, angústias mil.

não tenho medo de perder pessoas. sei o quanto as minhas atitudes e ideias podem entrar em confronto com terceiros e melindrá-los. mas assumo essa posição. não faço coisas de forma leviana, portanto, sei bem as consequências que os meus actos podem ter.
do mesmo modo que não temo perder pessoas, quando são elas que me desencantam. há comportamentos que são incompatíveis com o afecto que dedico a quem é meu amigo. não me é muito frequente perder amigos. posso não ter uma relação muito próxima, podemos não nos encontrar muitas vezes, mas a ligação permanece. por acaso, assim de repente, nem me lembro de ter perdido a amizade de alguém. mas parece-me que neste ano de 2010 vou estrear-me e logo com record!

“- Luke! Don’t give in the hate! That leads you to the Dark Side.”

Obi-Wan Kenobi to Luke Skywalker
in Star Wars Episode V – The Empire strikes back

sou praticamente tão boa a cuidar como a ignorar.
deixo sempre às pessoas que me encontram a escolha do tratamento.
só não sou perfeita, porque não tenho livro de reclamações.

daqueles dias em que tudo passa pela cabeça de forma demasiado vaga, que se tem a sensação de controlo, mas que no fundo, latente, crepitante, está um vulcão dormente. à espera, só à espera daquele momento propício, aquele segundinho que nos desfaz em mil pedacinhos.
mas, como antecipar cenários é coisa perigosa [tão perigosa como pensarmos que sabemos o que vai na cabeça dos outros], vai na volta o resto do dia decorrerá de forma tranquila, conciliada, novamente com aquela sensação de controlo, etc, etc, até chegar o dia em que acordamos e é, efectivamente, um novo dia.

A sabedoria é muitas vezes mais útil aos outros do que aquele que a possui

Voltei-me, e vi, debaixo do sol, que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja, nem tão-pouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor, mas que o tempo e a sorte pertencem a todos.

in Bíblia, Eclesiastes, 9:11

… que há muitas maneiras de se fazer as coisas, mas cada um de nós só tem a sua. essa é que é a porra toda!

vou ali tirar este sabor a fel que trago na boca e já volto.

máquina de escrever

La Pedrera - Barcelona

“porque é que não escreves um livro?” perguntou-me ela, enquanto faziamos tempo para ir jantar. porquê? porque, talento ou ausência dele à parte, que não cabe a mim avaliar, há uma coisa que me impede, sequer, de começar: a minha auto-censura. que é enorme, embora não pareça. porque, se algum dia o fizesse, tudo seria arrancado de mim, porque tenho imensa dificuldade em ficcionar. daí que… talvez um dia.

eu aqui muito bem embrulhada numa data de movimentos a débito e a crédito (uma das coisas boas da contabilidade é que todo o débito tem de ter um correspondente crédito – ou não… o que nos f*de logo o juízo), e no rádio desata a tocar a música acima.
eu nem sei bem a que ano fui parar. mas entre os fins dos 70 e o princípio dos 80, está por aí. e eu adolescente completamente inconsequente, meus deuses. e as tardes de verão, passadas num qualquer açude de uma terrinha do interior, as noites fantásticas de conversa sentada em muros de quintas depois de roubar fruta, vindos de um bailarico qualquer muito pimba. os namoros. as amigas, hoje tão distantes de mim e não é só fisicamente. a asfixia (a palavra da moda, né?) de viver emparedada numa vila rodeada de serras, longe do litoral, que era assim que a sentia, embora na prática não diste mais do que cem quilómetros. o cheiro do verão. as primeiras saídas à noite, para fora da terra. as paixões que se sentiam e não se conseguiam explicar. enfim, muito do que fui em plena adolescência, nem boa nem má, que as adolescências, salvo algumas mesmo muitíssimo más, mas que já o são desde a infância, são todas iguais. tempos aparvalhados, em que não se suporta sair com os pais e nos achamos as pessoas mais incompreendidas do mundo. palermices próprias da idade.
e, pronto, agora vou voltar aquela coisa dos débitos e créditos, que pelo menos tem a vantagem de não mexer com as nossas emoções – pelo menos as mais íntimas e profundas.

há, ainda, quem confunda sinceridade com intromissão. os amigos fazem-no muitas vezes. acham que o seu dever é usar sempre a sinceridade nas suas opiniões, e eu acho isso muito correcto. só que, muitas das vezes, opina-se sem que seja pedida opinião e, pior, ficam muito ofendidos se depois não se segue a opinião que eles deram, porque a acham de um valor moral superior porque baseada na sinceridade. ora! a sinceridade havia de ser usada sempre e não torna a opinião mais valorizada, só por isso.
aliás, no extremo, o facto de uma pessoa ser sincera não a torna mais pertinente. pode-se ser sincero e dizer uma grande baboseira.
enfim…

a chave do armário

quando ouvi falar a primeira vez de armários e chaves e coisas que tais, já ía na namorada número “não sei quantos” – yah, esta foi para acrescentar mais uns pózinhos à coisa da promiscuidade. o que atesta a minha completa ignorância sobre uma série de assuntos. e… e comprova que nunca precisei de chave, porque não me recordo de me sentir armarizada (como tão bem dizem os nossos vizinhos espanhóis).
mas porque existe quem ainda não encontrou a sua chave… acredito que faça sentido estudar estas coisas.
para além do mais, será a forma de ver de perto o Miguel Vale de Ameida. quer dizer, já estive quase de cotovelo com cotovelo com ele, mas isso não interessa nada.  (foramos nós straight e a coisa ainda rolava!)
bem, já divago. isto tudo para dizer… encontramo-nos lá?

a apresentação foi simples. o que me ficou (no coração – é sempre pelo coração que me conquistam) foi a clareza dos discursos, o toque pessoal dos mesmos. assim a demonstrar que aquilo de que se trata no manifesto é de liberdade individual. a liberdade individual de cada um em poder casar com quem bem entende. um direito, portanto. um direito que não colide com os direitos de mais ninguém – coisa simples, portanto, que nem deveria tornar necessário tanta discussão, porque a liberdade individual que não colide com terceiros não tem sequer discussão. é linear.
foi entretanto colocada online uma petição para ser subscrita. já encomendei o sermão aos que me são próximos. aqui deixo o convite para quem aqui passar e que não foi por mim contactado.
ide aqui e deixai lá o vosso contributo. eu fico muito grata.

recadinho: estou já a avisar que não há despedida de solteira nem boda de casório, para quem não assinar a petição.
eu sou lixada, ah pois é! (isto estava a ficar muito sério)

é como me sinto!

[nem quero acreditar que o cenário de janeiro se pode repetir…]

há que aceitar, quando não se pode evitar. aceitar e desejar que tudo corra bem. enfim, suposições.

cada vez estou mais convencida de que recebemos de volta, o que vamos semeando aqui e ali.
não há forma de voltarmos ao tempo das trocas, de eliminarmos o dinheiro das nossas transacções, mas talvez valha a pena estarmos atentos ao que de bom sempre vamos recebendo. em gestos e atitudes, que têm para connosco, pessoas que não estão obrigadas a fazê-lo.
acredito que haja mesmo uma conjugação de energias positivas que se vão passando. damos umas coisas, recebemos outras de que precisamos. quanto mais damos, melhor ficam os que recebem. a probabilidade de esses darem mais e melhor é maior.
hoje estou muito paz e amor… e não andei a fumá-las, não. tem tudo que ver com uma coisa que aconteceu ontem à Maria – e que justifica em pleno tudo o que escrevi acima.

(…) Caçávamos pássaros com chifutas de borracha (…)
O Planalto e a Estepe – Pepetela – pág. 13

ainda me lembro a alegria que senti, quando o meu pai me fez a primeira chifuta! eu não tinha jeito nenhum para manejar a coisa, muito menos para acertar no alvo, mas era giro.

chifuta = fisga

muitas vezes, a razão porque a vida que sonhámos é diferente da que temos, prende-se com o facto de pensarmos que sonhar chega para alcançarmos os objectivos.
e não, a vida não nos prega partidas. a vida não é assim uma entidade abstracta e superior que detém controlo sobre nós – a vida é somente o registo que fica, das escolhas que vamos fazendo. ainda que sejam inconscientes. mas a inconsciência trata-se, acreditem.

não sei muito de artes marciais, embora seja fascinada por elas. mas sei que um dos princípios, daí eles conseguirem fazer algumas coisas que parecem impossíveis, é aproveitar a energia que o adversário dispõe no ataque, em proveito próprio.
isto vem a propósito de uma conversa no sábado, com uma amiga distante que raramente vejo, e da forma como ela geriu um ataque de que cobardemente foi sujeita. tipo um outcoming feito à má fila por alguém que lhe era muito querido.
e, ao invés de a ver sofrida e amargurada e sedenta de vingança, encontrei alguém magoado, sim, mas a retirar o que de bom tinha acontecido da situação. o que isso, apesar da mágoa, tinha permitido. e a seguir em frente.
esta é uma coisa que muitas vezes lemos e ouvimos relatar, mas que é sempre uma experiência mais agradável de ouvir, de viva voz, por alguém que sabemos que existe. e mais, que sentimos que tudo o que nos diz é verdadeiro. que não há ponta de ressabiamento, de coisa mal resolvida.  
e eu fiquei tão feliz por ela. por ter ousado reparar a sua vida, ter assumido uma verdadeira mudança, certamente com muita angústia, mas com nada de amargura. e pessoas que conseguem fazer isso, dessa forma, certamente são merecedoras da minha admiração.
por não perderem tempo a chorar o que já aconteceu, a culpar tudo e todos, antes a pegar o touro pelos cornos e fazer da sua vida o que realmente sente que deve ser feito!
e não, não é fácil. mas quem disse que a vida é fácil? não é fácil, mas merece ser vivida por nós da melhor forma possível!

ou sou eu que tenho muita sorte, ou não dou importância a coisinhas, ou não me ligam nenhuma.
em cinco anos de blogs, sempre com comentários abertos, nunca senti necessidade de acabar com o que escrevo, moderar os comentários e só apaguei um comentário de todos os que recebi – e não foi porque discordava de mim, mas porque era completamente ordinário e vazio de conteúdo.
faz-me alguma confusão, como é que as pessoas decidem ter um blog público e depois se deixam impressionar com o feed-back negativo que possam receber.
eu dou a maior importância às pessoas que aqui passam. gosto de as ter cá. aquelas que vêm porque gostam, ainda que discordem das coisas que escrevo. as outras nem sei se existem, mas não condicionarão, nunca, o prazer que tenho num blog público de comentários abertos.
às vezes penso que as pessoas dão demasiada importância a quem não gosta delas. acho isso um erro tremendo. porque nos distrai daquilo que deve, realmente, contar: quem gosta de nós. apesar de sermos assim, cheios de defeitos.
eu devo ter quem não goste de mim – é humano. mas perguntem-me quem são essas pessoas e eu, assim de repente, não sei dizer.

que sentem saudades, dizem. quando termina o interregno, perguntam.

e eu aqui, mesmo ao lado. só atravessar a rua e, com sorte, encontraria o portão de emergência aberto.

e continuo a sentir-me desconfortável, penso.

[fugimos porque dói a fuga. não porque somos ingratos. cobardes, sim, para enfrentar a dor que nos impede de olhar nos olhos quem deixamos.]

 foi a minha última fuga, acredito.

Nunca a alheia vontade, inda que grata,
Cumpras por própria. Manda no que fazes,
Nem de ti mesmo servo.
Niguém te dá quem és. Nada te mude.
Teu íntimo destino involuntário
Cumpre alto. Sê teu filho.

Fernando Pessoa

Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um voo de ave
E me entristeço!

Porque é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Porque vai sob o céu aberto
Sem um desvio?

Porque ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade

Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minha alma alheia

Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do voo suave
Dentro em meu ser.

Fernando Pessoa

 

… ter-me-ía ficado tão bem!

não me causam nenhuma mossa as declarações de representantes da igreja católica sobre os homossexuais e respectivo casamento.
[tenho muitas dúvidas sobre a influência que elas possam ter junto dos seus fiéis. conheço muita gente que é crente e que não liga nenhuma a essas directrizes.]
aliás, essas declarações até me provocam um sentimento que é muito católico – a compaixão. perdoai-lhes Senhor, que te utilizam tão em vão!
e tenho para mim, que a única coisa a fazer seria mesmo ignorá-los, ou então, dar-lhes o perdão. porque reagir negativamente só lhes dá uma maior importância.
na verdade, não me rala minimamente que um padre, ou quem quer que seja, me ache anormal. pegar nisso e desatar aos tiros é dar-lhes eco.
só posso ter pena das pessoas que limitam o seu pensamento, e que só conseguem ver as coisas de uma forma, que ainda por cima nem deve ter sido original, antes sim, passada de geração em geração. mas se calhar, na volta até são felizes…

… tréguas.
f  i n a l m e n t e!
(uma pessoa, quando está desesperada, fica contente com tão pouco, caneco!)

somos nós que castigamos ou corpo, ou é o corpo que nos castiga?

que tudo regresse à normalidade!
[estou tão cansada!!!]

nem imagino como será o meu dia!
mas, espero, desejo com toda a força, que seja muito melhor. não tanto por mim, mas também por mim.

bom dia!

‘a maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama’
blaise pascal

resposta ao desafio da orquídea, que me pede para falar sobre ‘o medo’.

curto e conciso:
o medo é aquilo que se apodera de mim [e me tolhe], quando pressinto situações de uma irremediabilidade que me trará muito sofrimento – basicamente, a morte.


[não sei bem se saberei, porque me sinto tão  inquieta. porque sinto o estômago comprimido, porque razão me dói, me chateia.
não sei bem se era suposto sentir-me assim – fisicamente pequena, a sentir uma permanente vontade de me prostrar.
mas sinto.   não sei bem, mas sinto.]

segunda, terça e quarta olhei para o relógio do telefone e marcava 11:11.
há quem diga que estas coincidências não são bem coincidências.
não sei se consigo lá chegar – ao entendimento da coisa. mas, de qualquer forma, fica registado!

tende piedade, Senhor, de quem não sabe o que é viver um grande amor!
tende, mesmo, Senhor! porque a pobreza é tanta…

a capela do s. josé é muito bonita. adorei o chão.

por muito que nos custe, em discussões que envolvam pessoas de quem gostamos muito, é preferível dar um passo atrás e abstermo-nos de entrar nelas. é que, não raras vezes, o nosso raciocínio está toldado e manipulado pelo que sentimos. é humano. daí ser preferível não nos metermos na coisa. para além de dar ideia de corporativismo bacoco, é escusado expormo-nos a figuras que mais tarde somos capazes de querer apagar e não conseguimos. uma questão, portanto, de prudência e sensatez. e para demonstrarmos que gostamos, não precisamos de ir a todas as guerras de peito feito às balas. 

* é o nome que se dá, quando o guarda-redes defende mas não consegue ficar com a bola em seu poder.

[de dois em dois anos, anos ímpares, o destino encarrega-se de testar a minha capacidade de cuidar. insistente e teimoso. eu passei com distinção logo à primeira, caramba! porquê outra vez?]

nem sequer é uma espécie de balanço, mas já me tinha lembrado disso e hoje em conversa com a Maria confirmei: o ano de 2008 até que foi um ano bem fixe. para mim. para ela. e para nós.
fui extremamente feliz. tive oportunidade de reviver coisas que tinha vivido há dois anos e perceber que tinha aprendido imenso com a experiência. fui operada pela primeira vez e correu tudo muito melhor do que eu contava. consolidei algumas amizades que já eram, mas assim a modos que com umas pontas algo soltas, e que agora são muito melhores.
o resto, a crise e todas essas tretas, foi igual a toda a gente. mas essa merda não interessa nada para a nossa felicidade… o que conta é o que a gente tem cá dentro! e eu tenho bué, só vos digo! bué!

é frequente encontrar, em estradas secundárias, coroas de flores depositadas à berma. penso que será um tipo de homenagem a quem ali morreu.
isso deixa-me sempre com uma sensação estranha. sou, felizmente, uma ignorante no enfrentar da morte alheia. os que me morreram, ou era muito nova, ou não tinha de facto ligação, que permitisse marcar-me profundamente.
ainda assim, não me imagino a colocar flores num sítio onde algum dos meus morresse. acho uma coisa tão exposta…

este problema que tenho na coluna é uma coisa da qual me lembro desde sempre. pensando melhor, será talvez hereditário.
[tinha 11 anos e estava a ver uma montra de uma papelaria, numa das raras vezes em que vesti saia, e um tipo abeirou-se de mim e tocou-me nas pregas da saia. e eu dei-lhe uma palmada na mão para o afastar, ao que ele me respondeu “tu não és boa para cá ficar”. era para aí junho de 75.
no início dos anos 80, logo mesmo nos inícios, curtia as minhas noites na discoteca ETC em coimbra. era frequente por lá andar um tipo enorme, que eu sempre achei sinistro, ao qual chamavam alemão e diziam que tinha sido guarda-costas do agostinho neto. era frequente entrar em quezílias, até porque o seu corpo e a experiência de vida o faziam temer quase nada. um dia calhou ele estar de conversa com uns amigos e eu metida lá no meio. ele, um velho gigante fanfarrão, gabava-se de alguns feitos, até que se vira para mim, estende a mão direita e pergunta “esta mão impõe muito respeito, não impõe?”. eu, talvez 20 anos, com problemas na coluna recorde-se, respondi-lhe “respeito não, agora medo, talvez!”.]
claro que este problema na coluna me traz algumas limitações, como por exemplo não poder fazer vénias, em vão. tenho sempre que fazer uma selecção prévia a ver se vale a pena as dores. quase sempre olho a direito, e as pessoas acham que sou mal educada, mas não! é o problema na coluna que não me deixa vergar facilmente.
isto, num aquário de moluscos traz os seus inconvenientes. olé se traz…

deixem-se lá de dizer ‘casamento entre ou de homossexuais’ e digam, sff, casamento entre pessoas do mesmo sexo. ou contrato ou outra merda qualquer que satisfaça os mesquinhos desta vida. mas sempre entre pessoas do mesmo sexo. é que na volta aprovam o casamento de homossexuais e depois ninguém pode casar, porque ainda resolvem aprovar uma lei que obrigue a provar que se é homossexual e eu não estou a ver que isso seja assim muito fácil.
para além disso o ‘casamento entre ou de homossexuais’ é uma discriminação profunda. imaginem uma tipa hetero que quer casar com uma lésbica por interesse – tipo uma baita fortuna e tal! não poderia. está mal!
portanto, resumindo e baralhando, mexei lá com as vossas cabecinhas, limpai aí qualquer coisa que vos incomoda – vá-se lá saber o quê, senhores! – e aprovai lá uma coisita que permita o equivalente ao casamento, mas desta feita para pessoas do mesmo sexo! vão ver que não custa assim tanto, e se virem bem, em cada uma das vossas famílais haverá alguém, certamente, que poderá beneficiar com isso. fazer o bem é o melhor caminho para se atingir a redenção, e vós sabeis disso melhor que eu, que não mulher de igreja.

… mas nunca é demais relembrar.
acho que a vida nos dá sempre oportunidade de rectificar o que fizémos menos bem, ou não fizémos de todo.
mas para isso acontecer temos de estar devidamente preparados para a mudança – essa coisa terrível, da qual às vezes fugimos que nem o diabo da cruz! e com razão, diga-se, que a mudança quase sempre causa dor e algum desconforto, mesmo quando temos a certeza que mudamos para melhor. há-de existir sempre uma pecita do passado que resiste, resiste.
mas tenho a plena convicção, que de tudo somos capazes, assim façamos o devido investimento.

[olha…! agora deu-me cá umas saudades da minha Rute…]

o pessoal que tem homem ou mulher (é indiferente para o caso) que os cuide muito bem. trate muito bem a relação, alimente-a, aqui e ali deixe cair algumas coisas, e não pense que é falta de afirmação, é sensatez mesmo!
porque, por aquilo que tenho vindo a observar, o mercado está fraaaaco! 
e não é que não se consiga viver sózinho, claro que se consegue, mas é tão melhor viver com alguém que se ama e que nos ama e nos cuida e nós cuidamos.

correio

meiavolta(at)gmail(dot)com

fotografias

todas as fotografias aqui reproduzidas são da autoria de ©Anabela Brito Mendes, excepto se forem identificadas.

acordo ortográfico

não sei como se faz e nem quero saber!

Categorias

voltas passadas