ontem fui à missa. para ser sincera, não fui à missa. fui ter com alguém que estava na missa e assisti a grande parte.
ir à missa é uma coisa em que tenho pensado muito, ultimamente. gostava muito de sentir fé. observo deslumbrada o ritual que as pessoas cumprem. sei de cor quase todas as ‘falas’. não o digo alto, por respeito e pudor, mas mentalmente vou repetindo. toca-me particularmente a altura da comunhão. adorava fazer parte daquela fila de pessoas que espera pelo Corpo de Cristo, dizer amén ao comungar, vir até ao meu lugar e ajoelhar-me em recolhimento.
tenho uma curiosidade imensa sobre o que se sente, mas daquilo que tenho falado com pessoas amigas, é tudo muito pessoal e quase intransmissível por palavras – ao contrário do que fazem crer alguns que tentam impingir a religião.
falta-me sentir poucas coisas na vida. a fé é uma delas. e acho que não a sinto, porque me defendo profundamente.
“Senhor, eu não sou digna de que entreis na minha morada, mas dizei uma palavra e serei salva”.
17 comentários
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Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 10:08
maria
Vá lá comungar 😉 não lhe vai fazer mal nenhum e mata a curiosidade.
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 12:27
aNa
eu já comunguei, quando era miúda e fiz a primeira comunhão. portanto, o acto em si não me é estranho.
o que eu queria era fazê-lo com fé.
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 12:40
maria
Percebo!
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 14:19
Dedi
Não precisas de mais nada. Essa é A frase. Beijinho.
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 16:44
aNa
eu, por via das dúvidas, deixo sempre a porta encostada. 🙂
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 15:35
tótó
para mim, o momento em que digo (como o centurião romano disse ao JC quando lhe pediu que entrasse em sua casa e lhe curasse a filha) que não sou digna de que Deus entre na minha morada, mas que acredito que basta uma palavra sua para me salvar, é sempre uma renovação da minha fé.
“não sou digna de que entres em mim – sei que sou pecadora – mas creio que, se Tu quiseres, eu serei salva”. só pode dizer, pensar e sentir isto verdadeiramente quem acredita na bondade de um Deus que é Pai e que perdoa e ampara, quem tem esperança na sua salvação, apesar de se reconhecer humano e imperfeito, quem é capaz de se entregar inteiramente nas mãos de Deus e deixar-se conduzir por Ele; em suma, quem tem, sente e vive a fé, sinta-se ela como um fogo que arde no peito ou como uma inquietação que não perturba, antes apela.
a partir do momento em que passei a sentir isso, não houve uma missa em que, ao dizer isto de olhos postos na Hóstia Consagrada, as lágrimas não assomassem e me sentisse uma filha muito querida por Deus.
é por isso também que me emociono sempre que digo a frase com que termino as minhas orações (que a maior parte das vezes são uns minutos em silêncio, sem pensar em nada a não ser num abraço sem fim que me é dado por Deus, rodeada de luz): “porquê a mim, Senhor, tanta predilecção? porque me chamaste, entre tantos irmãos, e me convocaste para a tua reunião?”.
não há uma única definição de fé, de facto, mas se me é perdoado o atrevimento, diria que aquilo que sentes e como sentes é já fé. e aqui convém lembrar que o JC disse que basta ter fé (ainda que seja do tamanho de um grão de mostarda) para mover um monte de um sítio para outro. assim “nada te turbe, nada te espante” e acredito que as dúvidas haverão de desvanecer-se. “sursum corda.”
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 16:54
aNa
(as saudades que eu tinha de uma resposta destas!)
“nada te turbe, nada te espante” – não conhecia e gostei de conhecer.
o nosso coração está em Deus?
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 19:30
tótó
(certíssimo. conheces o rito até em latim. A.M.G.D.)
“nada te turbe, nada te espante” é o primeiro verso de um lindíssimo poema religioso de Santa Teresa de Ávila (http://www.devocionario.com/textos/p_teresa.html), cujo êxtase foi magnificamente esculpido por Bernini.
a comunidade de Taizé adaptou este poema e transformou-o num dos seus cânticos mais conhecidos e mais vibrantes (http://youtu.be/go1-BoDD7CI).
Ficam os links porque pode ser que também te agrade ler o poema integralmente e ouvi-lo cantado.
Sexta-feira, 14 Setembro, 2012 às 00:10
aNa
obrigada pelos links. gostei de ambos. 🙂
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 20:05
maria
Este poema: “Nada te perturbe, nada te espante, quem a Deus tem, nada lhe falta! Nada te perturbe, nada te espante, só Deus basta!”, foi escrito por uma grande mistica Santa Teresa de Ávila. Uma grande mestra! Ela ensinou, com o seu método, como a alma humana se pode unir ao Criador. Outro grande mistico, que com ela fez a reforma dos carmelos no sé XVI, foi São João da Cruz! De quem é o poema: Noite Escura… procura na net que encontras… muito lindo. Foi um autor, que gostei muito de conhecer.
Sexta-feira, 14 Setembro, 2012 às 00:30
aNa
hoje é o dia das descobertas. 🙂
muito obrigada pela partilha!
Quinta-feira, 13 Setembro, 2012 às 23:47
ruteorias
aNa neste seu santuário acontece em cada post a força e o mistério da sua fé.
Na sua comunhão com os seus fiéis está o pormenor de Deus.
Neste, em particular, carregado de religiosidade, quereria eu, comungar de tão invulgar sentimento.
Eu, que apenas me recolho em mim ,seguindo o ritual, na esperança do encontro com Deus! Confesso:
Fé, aNa, não é acreditar! É apenas a convicção de quem duvida!
Amen
Sexta-feira, 14 Setembro, 2012 às 00:42
aNa
como sempre, um comentário muito rico. e em cascata. que me vai fazer meditar muito, certamente. 🙂
Sexta-feira, 14 Setembro, 2012 às 00:14
tm
tu não vejas é os Borgia! 😀
Sexta-feira, 14 Setembro, 2012 às 00:43
aNa
cruzes credo! ahahahah!
Sábado, 22 Setembro, 2012 às 23:03
C.
A verdade, é que este teu post me emocionou. Deixa-me dizer-te que não é de todo impossível, sentires essa fé. Creio que, durante a vida, mesmo quem não sente ou tem fé, a sentiu ou teve. Há momentos na nossa vida, que por muito que queiramos perceber, são de fé. É a fé que nos faz dar um passo em frente. O amor é fé. A liberdade. O respeito. A bondade. A vida. E essa frase com que acabaste este post, é a mais bonita, mais profunda e mais sincera. Obrigada por me fazeres sentir a sorte que tenho, nesses rituais, nessa fila, nesse gesto. Obrigada aNa.
Segunda-feira, 24 Setembro, 2012 às 12:09
aNa
obrigada eu, pela partilha dessas palavras.
irei meditar sobre elas, porque me fizeram muito sentido.