acordei com a cabeça meio azamboada. cheguei ao trabalho e, como habitualmente, fui buscar um café. supostamente à copa. mas aqui, logo de manhã, parece mais um galinheiro na altura em que se vai dar milho à criação. quase que precisei de um polícia sinaleiro para me orientar entre a gaveta onde estão os copos e a máquina do café, isto tudo resumido a um espaço de dois metros quadrados. como som de fundo um cacarejar constante, elas cheias de coisas para dizer, como se fora daqui tivessem uma mordaça que as impede de vomitar os seus desabafos – tanta necessidade que esta gente tem de falar, meu deus! e, naturalmente, tudo coisas que criam em mim uma empatia desgraçada… levar com aquela merda logo pela manhã é dose! quem havia de levar com elas era o ministro das finanças, que parece um padre a falar.
entretanto, tirei o meu café, pousei o copo à beira da bancada e comecei a abrir o pacote do açúcar. eu sou uma bocado desastrada. às vezes acontecem-me coisas que nem eu sei explicar. foi o caso de hoje. só dei por mim a tocar no copo cheio de café e ele a cair e um rio de café na bancada e no chão. tudo controlado, não fora uma das criaturas cacarejantes estar por perto e, azar dos azares, ter vestido umas calças brancas de linho. sorte a dela, que eu ainda não tinha posto o açúcar. desapareceu-lhe logo o riso e a euforia, para ficar desvairada. se eu quisesse fazer de propósito, não me teria saído melhor. ela a tentar tirar meia dúzia de pingos de café do fundo das calças e eu de cú para o ar a limpar o chão e a oferecer-lhe dodots para limpar as calças.
foi lindo!