[viver comigo é uma tarefa nada fácil.]
existo há muito tempo: tenho cabelos brancos, rugas que já não são de expressão, a pele a ficar enrugada, apesar de gente maluca, ou cega, às vezes me dar menos dez anos do que tenho.
vivi aos bocados, sem nunca mergulhar a sério.
objectivamente, o que desejo é viver na plenitude o resto do tempo que a vida me der. sem coisas que se arrumam na gaveta mais recôndita do esquecimento, dificuldades que se sublimam, defesas que se levantam com receio do que nos possam provocar certas vivências. quero viver tudo sem subterfúgios. é difícil, mas eu sei que vou conseguir.

[seria muito mais agradável ter como objectivo ganhar muito dinheiro para comprar coisas, viajar sem limitações, como eu gostaria de ter nascido com essa aptidão, juro! mas, lamentavelmente, não tenho jeito nenhum para ser materialista. hei-de ser sempre uma remediada, a contar tostões. uma remediada de caracóis e um sorriso permanente quando deitar a cabeça na almofada.]