saio da copa, de café na mão, e ainda a ouvir uma conversa surreal sobre sacudir as migalhas da toalha de mesa janela abaixo, para cima da roupa da vizinha de baixo, que reclama mas sem razão nenhuma, porque as migalhas são pão e não estão sujas e, e, e,e, e, e,e, e, eeeeeeeeeeeeeeee…

e eu volto atrás, ali aquele momento em que hoje na marginal vi as gaivotas alinhadas no muro do clube naval de paço d’arcos e na praia da cruz quebrada, e penso que a vida seria bem mais simples se eu fosse uma gaivota. era manhã, o sol espreitava envergonhado e eu só teria de ficar ali alinhada com as minhas irmãs. a brisa a afagar-me as penas do pescoço e o odor da maresia a entrar-me pelos orifícios respiratórios.