esta noite sonhei que um pássaro tinha entrado na minha varanda. era um piriquito, mas não desses pequeninos, mas sim um como eu tive em angola, como se fosse um papagaio mas do tamanho de um pombo. tinha as penas de cor escura, com umas poucas pintalgadas de cores vivas.
estava agarrado à parede e, quando o vi, a primeira coisa que pensei foi como teria entrado e o que tinha de fazer para o tirar dali.
não tenho particular apetência para mexer em pássaros. acho os pássaros muito bonitos, mas é para andarem por aí soltos. não gosto de lhes tocar, porque acho logo que me podem bicar ou desatar a dar às asas desenfreadamente e assustarem-me.
no momento seguinte do sonho, eu já tinha arranjado uma forma de o manter preso para lhe pegar e pô-lo na janela, para a criatura ir à sua vida que a mim só me estava a estorvar – tinha conseguido, não me lembro como, colocar-lhe sobre as asas uma argola, que ora me pareceu de arame ora um elástico, que o mantinha sossegado.
sentia uma coisa estranha, do tipo não quero isto aqui, mas quase sentindo alguma culpa por ir expulsá-lo da minha casa.
de seguida peguei nele, abri a janela e larguei-o. quando o larguei constatei que ele tinha as asas presas e não conseguiria voar. inicialmente eu achava que aquilo era elástico e da forma como estava colocado, seria fácil dele se desenvencilhar.
só me lembro de olhar para baixo e vê-lo a cair rapidamente, como se pesasse toneladas. e de me ter recolhido para dentro e fechar a janela no segundo imediatamente antes de o ver estatelar-se no chão e morrer.
fiquei ali a visualizar mentalmente o seu corpo inerte, as asas presas. não consegui confirmar o que tinha acontecido, mas sabia que fora assim.

[ok, matei. mas o quê? quem? foda-se, esta merda é tão difícil!]