hoje vim pela marginal. há muito que não o fazia.
[esta coisa de se viver perto da auto-estrada…]
ao contrário dos dias de primavera e, mesmo, alguns de inverno, a luz não é muito boa. é baça. [lembro-me daquele dia de maio em que encontrei a Maria e estava tão azul, tão nítido]
entrei em Paço de Arcos e fiz um desvio pela curva dos pinheiros. aí encostei o carro à berma e fiquei ali a ver o mar, os veraneantes, a areia e a sentir a brisa (ainda) fresca da manhã.
não tenho bem a certeza, mas – apesar de me recordar de todo o caminho que fiz até aqui – ía jurar que se por lá passarem, agora, me irão encontrar deitada no muro a sentir o momento. só a sentir o momento.

"Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa
esmorece e cai no ar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
(…) "
Alexandre O’Neil

depois, já na cril, ouvi isto cantado pela Sónia Tavares – início de dia perfeito.