ora, ora, eis-me aqui com 46 anos, às 01:27, portátil nos joelhos, copos e pratos sujos à espera de uma máquina que ainda tem louça lavada para arrumar, resquícios de espumante e bolo de chocolate e o coração ainda batendo nos afectos das amigas que cá vieram passar a meia-noite – complot organizado pela dama e, comme d’habitude, eu nem aí, que de tão distraída que sou se torna facílimo fazerem-me surpresas.
46 anos e em cada ano que passa a pele da criança a sair. só deixando a parte que é boa – a da irreverência, do mimo, da espontaneidade, de alguma inocência. mas é a mulher que cresce em mim, que se me toma conta. estranho dizer isto com esta idade, mas cada um tem o percurso que tem, e só se cresce verdadeiramente se a isso se for obrigado, não há nada que saber. e antes mais cedo, que mais tarde, disso sei eu. mas tarde é o que nunca vem, como diz a minha mãe.

tenham um bom dia, que é o que desejo para mim.