a coisa que mais me assuta nas pessoas é a sua incapacidade de reflectir sobre o erro. em vez disso avançam em mil justificações, qual delas a mais complexa, desviando dessa forma a atenção para terceiros e aliviando a sua responsabilidade na coisa.
são incapazes de assumir, de primeira, que poderiam ter agido doutra forma. aliás, muitos estão tão empedernidos em defesas, que nem conseguem ver que erraram. têm um comportamento quase autista perante o que os afronta e, em vez de tentarem perceber os outros, fecham-se na sua concha e ali andam emaranhados na sua teia de justificações.
tenho imensa dificuldade em lidar com gente assim, porque o diálogo se torna uma coisa impossível – não consigo falar em círculo, defeito meu, certamente.
isto tudo a propósito de uma dúvida que tentei esclarecer, ainda há pouco. e com a qual perdi dez minutos a ouvir divagações invocando terceiros, quando o óbvio, e mais simples, seria dizerem-me que se tinham esquecido de escrever no papel a que é que aquilo se referia. era só isso que eu queria saber: a que se referia determinado montante inscrito num documento do banco. e essa era a obrigação de quem assinou o maldito papel.
 
(a coisa não foi assim tão simples, porque ao fim dos primeiros cinco minutos, eu farta de o ouvi dissertar sobre o sexo dos anjos, disse que ele era muito complicado, e o senhor não gostou, obviamente. boca que não consegue ficar calada, e estas manhãs não têm sido fáceis, que ando podre de sono! e ainda acrescentou que eu não devia fazer juízos de valor, no que ele tem toda a razão, não me custa nada admiti-lo. mas se o homem é complicado, se esse facto transtorna a vida de toda a gente, vou dizer-lhe que ele é o quê? simples? a sinceridade é uma coisa fodida…)