olha, Ana., numa caixinha comecei por arrumar a mãezinha e o pai (com preponderância para ela, como se pode observar na forma de tratamento), mais o seu sentido de protecção, que me tornou demasiado irresponsável – e não, não é no sentido de não assumir responsabilidades dos meus actos, que felizmente isso até ía conseguindo fazer, mas mais no sentido de não me propôr a responsabilidades (o que não é a mesma coisa).
noutra caixinha arrumei a impulsividade e as respostas primárias a estímulos – fossem eles verbais ou físicas. aprendi a ponderar as respostas e a desvalorizar os comportamentos alheios.
noutra caixinha meti o medo e a culpa. medo de estar sózinha, gerado pelo medo do compromisso (parece incongruente, mas não é) e culpa por sentir que nunca conseguia cumprir com o esperado.
e mais umas coisas, claro, mas isto não é receita para ninguém. até porque todos somos diferentes, não por uma originalidade exótica, mas tão somente porque vivemos e sentimos as coisas consoante a nossa experiência de vida. logo, ainda que tivéssemos feito o caminho lado a lado, certamente não seriam estas as tuas resoluções.