sou caranguejo. mulher de emoções fortes e desmedidas. de carinhos imensos e desinteresses profundos.
gosto, na maioria das vezes, sem me aperceber porquê nem como, e isso não me rala mesmo nada. sigo a minha intuição e basta-me.
e sou capaz de gostar, assim, durante muito tempo, sem que haja do outro lado grandes manifestações de reciprocidade. porque só espero aquilo que é espontâneo, aquilo que vem de dentro dos outros com a mesma simplicidade com que sai de mim. sem ondas, nem chatices, nem cobranças.
obviamente, que sou sensível à atenção que me dedicam, ainda que seja muito esporádica – há relações assim, que não carecem de tempo fixo, determinado. gosto que me mimem, que se lembrem de mim em momentos particulares, que me presenteiem com um sorriso inesperado.
da mesma forma que gosto, assim simplesmente, pode haver um dia em que um descuido me caia mal. assim simplesmente. de forma simples. se calhar, mesmo, por pouco. mas é o pouco que, naquele momento, eu valorizei como o muito. e que do outro lado, alguém não esteve atento para perceber.
e pronto, assim de um forma simples, sou capaz de me desinteressar profundamente!

e o carinho que me é demonstrado, até por aqui, a casa cheia de amigas ontem à noite, e do alto dos meus 45 anos, facilmente me será perdoada a imodéstia de dizer que o meu carinho e o meu interesse não são coisas para se jogarem fora. muito menos, quando ainda agora se está a começar a aprender o que é viver!
mas também é verdade que é assim que se aprende! eu, lamentavelmente, tenho muito pouco jeito para ensinar!