agora já sem ponto de interrogação, antes sim uma afirmação convictamente assumida.
eu vivo uma. e esta certeza não tem nada de leviano (já não tenho idade para perder tempo com leviandades). é fruto de um acumular de experiências, de encontros e desencontros, e principalmente de uma atenção redobrada a tudo o que fui vivendo, de modo a estar preparada para isto me acontecer.
não sei se há um tempo certo, ou seja, se temos de viver mais ou menos, termos mais relações ou menos relações – tenho para mim que o contacto com a diversidade e sua consequente vivência, nos dota de maiores ferramentas, mas isto sou eu.
sei que quando me deparei com o início da relação que vivo, senti que era aquilo que eu esperava, e para o qual me tinha preparado.
e a relação é perfeita porque é, todos os dias, viva. porque sendo vivida por duas pessoas extremamente diferentes, essas diferenças só servem para estimular e nunca para afastar. as discussões, quando são fúteis caem logo por terra, e quando são profundas fazem-nos evoluir.
e porque é que digo que tenho a relação perfeita – porque nunca tive nenhum dia em que me apetecesse virar as costas e procurar outra vida. o que significa que eu me sinto bem, com as minhas necessidades preenchidas e nada sufocada.
o truque está em perceber o que queremos para nós (e, na maioria das vezes, as pessoas não conseguem sequer identificar isto), e procurar (ou esperar que nos encontrem) alguém que nos seja suitable (não consigo encontrar melhor explicação).
e depois, ter muito respeito por nós, e a seguir pelo outro. e o respeito de que falo não tem a ver só com o tratamento, antes sim, com o aceitar a individualidade de cada um, e não procurar que o outro seja um espelho de nós.
por fim, desvalorizar aquelas merdinhas que moem, moem e um dia fazem-nos desesperar e mandar dois berros e dizer coisas que depois… enfim, vocês sabem – a pasta de dentes estar para baixo ou para cima, o casaco que está há bué em cima do quarto ao lado, a toalha que não se estende para secar, etc, etc.
não sei se isto soa a demasiado simples. ou simplório, talvez. que seja.
não soará, certamente, a receita. porque essa não existe, na medida em que somos todos tão diferentes, que o que me satisfaz não fará as delícias dos outros.
houve um tempo em que costumava dizer que não sabia o que queria, mas sabia bem o que não queria. esse tempo já passou. hoje sei muito bem o que quero! e olhem que se eu consegui isto, qualquer um consegue. é uma questão de investimento.

28 comentários
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Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 12:03
r.filgueira
resumidas contas é mesmo isso. Acrescento apenas – que mais facil se torna quando se tem o coraçao aberto e a mente limpa de pre-conceitos e estereotipos.
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 12:12
tp
🙂 mas que grande relatório, vai na volta nem dormiste a pensar no assunto…
agora falando sério, é tudo muito bonito, tudo isso que escreveste, e ainda bem que tens a relação perfeita, fico muito feliz com isso e tu sabes disso.
agora, muito mais que um investimento como dizes, é de facto encontrar a pessoa certa, isso é que é um bico de obra. ou tu pensas que há muitas marias por aí? sim minha querida, porque o mérito de teres uma relação perfeita é muito dela, ou não? tu eras uma boa pestinha….
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 12:29
amariadaiana
TP querida do meu coração… deixa-me, pela primeira vez, discordar de ti! Acredita que o mérito da nossa relação perfeita é muito mais dela do que meu. Não calculas o que tenho aprendido sobre o cuidar da relação. Eu sei cuidar das pessoas. Toda a vida o fiz e até parece que bem. Este cuidar do que há ENTRE as pessoas tenho aprendido agora. E é esse o segredo.
Meu amor: é simples isso que dizes. Como tudo o que é sublime. Só o que não é perfeito precisa de sofisticação. E simples é tão diferente de simplório quanto um tailleur armani difere de um saia-casaco da Zara… (credo! que snob…)
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 12:52
manchinha
pronto diz antes que dentro da arbitrariedade do universo te calhou a ti uma série de factores-chave e é como a sorte grande porque seja o que for que aches que é condição essencial nem isso chega se o resto não conspirar igualmente nesse sentido enfim a gente passa a acender-vos umas velinhas todos os anos e a fazer uma ganda festa dedicada aos amores perfeitos pronto
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 13:00
aNa
r.filgueira
“coração aberto e mente limpa” é do melhor, podes crer!!
e essencial.
tp
(tu és danada, chiça!)
sim, era uma boa pestinha. fui uma boa pestinha. nunca escondi isso, nem me faz confusão nenhuma que saibam. fiz o que conseguir fazer, umas vezes melhor, outras bem pior, eu sei. 😛
encontrar a pessoa certa, também tem muito a ver com o nosso investimento, no sentido de sabermos exactamente o que nos convém.
e quando a encontramos, cuidarmos desse encontro.
as relações, para serem equilibradas, têm de ser uma troca. não em termos de quantidade, mas de qualidade. e olha que nisso ela é extemamente exigente. lá terei algum mérito, não? 😉 😀
uma coisa é de louvar – tu consegues logo que ela comente 🙂
minha maria
snob e fútil ahahahahah!
adoro-te! 🙂
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 13:55
aNa
manchinha
não a sabia tão virada para as energias cósmicas, mas é sempre bom aprender coisas sobre os amigos 🙂
e ainda que assim seja, sabe já fui mais céptica em relação a isso, quero acreditar que também tive alguma coisa a ver com o assunto 😉
e as velinhas são sempre bem-vindas – é tipo as cautelas, os paninhos quentes e os caldinhos de galinha: nunca fizeram mal a ninguém.
a festa essa será imprecindível – ainda não me esqueci da tertúlia ao jantar regada com um bom vinho 😉
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 13:59
tp
😉 tens imenso mérito também, pois claro… a parte do elogios já foi no outro dia.
vocês são realmente duas mulheres fantásticas de quem eu gosto mesmo muito!
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:07
Bifinha
Quem diz Zara, diz Mango, diz Massimo Duti e coisa e tal!!
Eu é mais bolos!
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:09
Bifinha
A propósito do assunto do post, eu continuo na minha sim, não, talvez, é conforme, tudo depende!
Também eu já fui uma peste (pestinha seria pouco) até que, tal como dizes, encontrar A relação.
Será perfeita? Não sei. Eu não sou perfeita, ela também não mas a nossa relação é a única relação imperfeita que me preenche!
TP, mandaste-me vir agora atura-me!
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:11
aNa
tp
é recíproco, minha querida.
e eu não estava à procura de elogios, ó mulher de língua afiada!
Bifinha
pois…
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:13
Bifinha
Tu não me digas que te calei???
Ai, agora sim estou preocupada!!!
🙂
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:14
tp
🙂 oh bifas, tu não existes mesmo ( c****-mos)
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:15
manchinha
não tanto energias cósmicas como observação empírica dos factos mais tipo causa e consequência e sabe deus a dificuldade que é claro que teve assim como a sua maria e é assim mesmo que quem não arrisca não petisca sendo que a festa é um must e a tertúlia acontecerá assim que eu puser pé em território nacional o que deve ser já em fevereiro ajeitem-se lá como quiserem que eu cá estou pronta prós petiscos ainda a propósito das energias cósmicas tá-se bem aqui à beira do rio com os miolos congelados acho que é finalmente o zen e nem preciso de olhar para o ponto branco na parede branca e essas coisas complicadas que me bulem com os nervos
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:18
Bifinha
Existo sim… anda cá que eu mostro-te!!!
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:31
aNa
oh Bifinha, não calaste não! o teu comentário entrou ao mesmo tempo que o meu.
mas nem preciso de te responder. tu sabes o que eu penso 😛
manchinha
“(…)e é assim mesmo que quem não arrisca não petisca(…)” sabe que é essa a diferença? no não receio de arriscar? isto, às vezes na maioria das vezes, só lá vai por tentativa erro. se a gente pensa que acerta logo à primeira, ó santa ingenuidade 🙂
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 14:58
Bifinha
Sim, já sei… terapia!!!!
ah ah ah
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 15:09
aNa
olha… por acaso!
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 17:00
nina
Olha, como tu costumas dizer… ” é tudo isso” aNa. Vejo tanta gente arranjar porrinhas por merdinhas que não interessa a ninguém…
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 17:33
sem-se-ver
«e quando a encontramos, cuidarmos desse encontro.»
ora aí está: a chave para uma relação perfeita.
e poucos a detêm.
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 17:51
aNa
nina
é a nossa psique 😉
sem-se-ver
às vezes não detêm, porque também não estão para descer do alto das suas convicções casmurras, preferindo ficar com o seu orgulhosinho tolo.
há um tempo para tudo. provavelmente, também já fui assim.
mas depois curei-me 😉
Quarta-feira, 23 Janeiro, 2008 às 21:20
lm
Na mouche… ou como há textos que (também) são cartas de Amor.
Noite boa.
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 00:05
msgd
Excelente Post.
Está perfeito no meio de tantas imperfeições das relações.
Parabéns 🙂
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 00:07
manchinha
pois é ana o importante é mesmo não perder a vontade de arriscar a vontade de nos mantermos apaixonadas a vontade de surpreender e de ser surpreendidas e viva a vida
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 10:00
NakedSelf
Em sintonia, o post está muito bem conseguido, ata as pontas todas e, mais do que isso – remata!
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 11:25
aNa
lm
não se pode perder nenhuma oportunidade 🙂
msgd
obrigada 🙂
manchinha
viva! (nem imagina o tempo magnífico que aqui está)
NakedSelf
essa do remata, ainda deve vir do tempo em que joguei à bola 😉
obrigada 🙂
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 11:32
Lover
Muito bom, é cada vez mais um prazer passar neste blog.
Se a relação perfeita existe, não sei, mas acredito que é possível, esta frase: “porque nunca tive nenhum dia em que me apetecesse virar as costas e procurar outra vida. o que significa que eu me sinto bem, com as minhas necessidades preenchidas e nada sufocada.”…fez-me pensar num dia em que me disseram “se quero casar contigo, não vai haver dia que não me apeteça ter-te ao lado…” diz quase tudo…e esta “houve um tempo em que costumava dizer que não sabia o que queria, mas sabia bem o que não queria. (…) hoje sei muito bem o que quero!” é sem dúvida uma grande dica…para a relação começar…com a “vontade de resultar”. Obrigada por estas imensas partilhas, tão despidas e reais e que fazem pensar!;)
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 12:12
aNa
obrigada eu pelo comentário e pela visita 🙂
Quinta-feira, 24 Janeiro, 2008 às 13:02
manchinha
aNa
provocadora pois fique sabendo que aqui estão três grauzinhos e sol e não neva e tem de se besuntar generosamente os bêços com creme pra não cairem em floquinhos desidratados
e está um dia magnífico e a felicidade existe e viva sim