obviamente, que quando alguém questiona quem é o homem numa relação de lésbicas, está tudo menos interessado em saber, quem é que tem jeito para o bricolage e quem é que cose os botões.
a pergunta traz, sobretudo, uma curiosidade sobre o carácter sexual da coisa. eu nem vejo mal nenhum nisso. na curiosidade (quantas vezes, olho para um triste de um director que aqui anda, e me questiono o que fará aquele tipo com a mulher, na cama). claro que essa curiosidade sobre “como é que as mulheres se desenrascam” não é inocente, é provocatória e encerra, na maioria da vezes, algum ressabiamento. daí que a importância que lhe deve ser atribuída seja nula. a não ser que se tenha a intenção de querer mudar o mundo, o que me parece tarefa algo árdua e até estéril. o investimento não deve ser feito com quem não chega lá – é mera perda de tempo.
eu nunca fui confrontada com esse tipo de questões – toda a gente sabe que lá em casa parafusos e bricolage é com a maria, assim como os vernizes e os batons – e sei bem porquê. nunca me pus a jeito para que elas surgissem: os meus amigos não me questionam sobre questões íntimas, e os conhecidos nem lhes dou hipótese, sequer, de o fazerem. isto é simples como água.
quanto ao que poderão dizer nas minhas costas, é à vontadinha. a mim só me interessa a opinião dos que gostam de mim, e ainda assim, com alguns limites. as decisões sobre a minha vida não são colocadas em assembleia, e o mínimo que exijo é respeito e independência total, que é o que dou aos outros.
aqui e ali, fica-me a sensação que há muito quem se ponha a jeito, para depois poder acusar. mas isto digo eu, que sou um bocado cínica.

6 comentários
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Terça-feira, 6 Novembro, 2007 às 16:32
Rita
Mai nada! E isto digo eu, que gosto muito do que escreves! *
Terça-feira, 6 Novembro, 2007 às 20:46
Marisa
Muito bem 🙂 é assim que tem de ser!
Ás vezes parece que há gente a quem a sua própria vida não lhes chega.
Quarta-feira, 7 Novembro, 2007 às 12:09
aNa
Rita
🙂 obrigada
Marisa
e se calhar não chega 😉
Quarta-feira, 7 Novembro, 2007 às 13:13
Rita
Eh pá, essa gente que faz esse género de perguntas é tonta. Acham que tudo tem de seguir o modelo pré-concebido homem/mulher. E pior, acham que o homem tem sempre uma posição dominante na relação. Daí que durante muito tempo, em Cuba, por exemplo, e se calhar noutros países, um homossexual activo não era considerado como tal. Só os passivos eram «maricón».
Enfim, para quê gastar tempo com mentes atrasadas?
Eu, heterossexual, dou por mim muitas vezes a pensar que, no que ao sexo diz respeito, a homossexualidade deve trazer grandes vantagens. Afinal, nada como uma gaja para perceber como funciona o corpo da outra. O mesmo se aplicando aos homens, no caso, meia bola e força, que estamos sempre aqui prontinhos para a festa!!!!!
bem, posso já estar a dizer parvoíces, por isso é melhor ficar por aqui…
😉
Quarta-feira, 7 Novembro, 2007 às 15:20
aNa
Rita
parvoíces nenhumas 🙂
olha, reconheceste o discurso ali de cima?
(no sábado estive à espreita a ver se te via)
beijos.
Quarta-feira, 7 Novembro, 2007 às 16:50
Rita
ah, no sábado fiquei aqui quietinha na redacção, graças a deus. bentinhos e seus muchachos, my god!!!!
quando deixar o desporto talvez volte a gostar de futebol…