só conheço um assunto, no qual a maria é completamente irreversível na sua opinião – motas! de nada adianta argumentar com ela, porque não dá mostras de tolerância ou abertura. acha-as um veículo contra-natura e ponto final. eu já lhe disse que isso é karma dela, vai na volta noutra vida foi uma motard maluca que se espatifou uma datas de vezes e agora anda a cumprir o karma. que não, diz-me ela, porque a última vez que cá veio foi em mil setecentos e tal, e nessa altura ainda havia motas. contra factos, não há argumentos.
eu gosto imenso de andar de mota. mas nunca fui além de ter uma acelera quando era adolescente, até porque o capacete dá cabo de todo e qualquer penteado, que não seja máquina zero, ou pouco mais. temos algumas amigas com motas, daquelas mesmo motas, com todas as letras e rodas bué de grossas, e coiso e tal. lindas!! a única coisa que fascina a maria é o capacete cor de laranja da lúcia!
na sexta-feira disse-lhe que no sábado ía almoçar com a bé. pergunta imediata “e ela vem como?”. de início não percebi o alcance da coisa, porque a bé tem transporte e não precisa de boleia, mas rapidamente se fez luz e disse-lhe “vem como, como? de carro ou de mota?”. ao que ela anuiu, sim era isso que estava a questionar. e eu, para a arreliar, adoro arreliá-la, disse-lhe “não sei, amor, mas deixa lá que se vier de mota, eu não tenho capacete para andar com ela… a não ser que peça um emprestado à lúcia!”. e ela tão querida, rendida, disse “oh, mas que tolice a minha. se tu queres andar, eu não posso meter-me nisso. mas fico mais descansada se não o fizeres”.
por acaso ela veio de mota. mas fomos no meu carro, aproveitando o tempo todo para pôr a conversa em dia.